InícioEditorialPolítica NacionalDisputa de semicondutores é tema central das eleições de Taiwan

Disputa de semicondutores é tema central das eleições de Taiwan

Ilha é responsável por 60% dos chips fabricados no mundo; metade é exportada para os Estados Unidos

As eleições deste sábado (13.jan.2024) em Taiwan são observadas de perto pelos Estados Unidos e pela China. As duas mais potências globais colocaram a ilha no centro de uma disputa política e econômica sobre a produção de semicondutores.

Taiwan produz mais de 60% dos semicondutores do mundo, sendo a maioria fabricada por uma única empresa, a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Corporation, em inglês), com sede na cidade de Hsinchu. Além disso, a produção dos modelos mais avançados é feita quase exclusivamente em Taiwan.

Em 2021, dados do Boston Consulting Group indicaram que a ilha responde por 92% da fabricação de semicondutores com componentes menores que 10 nanômetros, que permitem maior capacidade de processamento, ao mesmo tempo que são mais rápidos e eficientes em termos energéticos.

A realocação de Taiwan de uma economia agrícola para um importante centro global de exportação de chips se deu na 2ª metade do século 20. Integrando os Tigres Asiáticos, com Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura, a ilha modernizou sua matriz produtiva, inicialmente extrativista, desenvolvendo setores industriais e tecnológicos.

O professor de relações Internacionais da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Augusto Rinaldi disse em entrevista ao Poder360 que o Estado desempenhou um papel crucial como impulsionador do crescimento, priorizando um modelo de desenvolvimento que envolvia investimentos significativos em setores estratégicos como o de bens industriais.

“Isso incluiu o apoio à indústria nacional por meio de subsídios e proteção tarifária, políticas de transferência de tecnologia, investimentos em educação e pesquisa, além de medidas macroeconômicas favoráveis à exportação”, declarou.

Assim, a latente indústria de semicondutores de Taiwan tornou-se conhecida como o “escudo de silício” da região, pois os chips fabricados na ilha desempenham um papel estratégico na competição tecnológica e na cadeia de produtos eletrônicos para Estados Unidos e China.

Em 2021, cerca de 44,2% dos chips lógicos importados pelos Estados Unidos foram produzidos em Taiwan. Esses chips, que desempenham o papel de “cérebro” nos dispositivos eletrônicos, são responsáveis por processar informações para executar diversas tarefas.

Os EUA, por meio de sanções, “proibiram” Taiwan de exportar a tecnologia para a China. A justificativa é impedir que os chineses obtenham chips avançados que poderiam ser utilizados para fins militares, incluindo aplicações de inteligência artificial.

A China vê as restrições dos EUA como uma afronta. O país comandando pelo presidente Xi Jinping considera a ilha como parte de seu território, na forma de uma província dissidente.

A competição tecnológica por semicondutores entre os EUA e a China influencia as discussões políticas nas eleições presidenciais deste ano. Isso se deve porque os 3 candidatos à presidência se diferenciam pela postura de sua relação com a China Continental.

O favorito é Lai Ching-te, de 64 anos, integrante do DPP (Partido Democrático Progressista) e atual vice-presidente taiwanês. Ele defende a autonomia da região e reforça a necessidade da ilha de estreitar relações com os EUA. Seu principal rival, Hou Yu-ih, 66 anos, afirma que promoverá a interação entre a população da ilha e da China continental e defendeu uma política de “meio-termo”.

Para Leticia Cordeiro, professora do Inest (Instituto de Estudos Estratégicos) da UFF (Universidade Federal Fluminense), a expectativa é que com um governo mais favorável ao diálogo com a China, haja maior facilidade no acesso e prioridade para o gigante chinês.

“O que não significaria restrições, ao menos em um primeiro momento, ao acesso norte-americano aos semicondutores, mas que no futuro poderá significar disputas ainda mais acirradas entre Estados Unidos e China”, explica.

ENTENDA AS ELEIÇÕES EM TAIWAN Até 1987, o país estava sob lei marcial e só em 1996 realizou sua 1ª eleição presidencial direta. O presidente eleito assume o cargo em 20 de maio, com um mandato de 4 anos, sendo permitida a reeleição.

Além de atuar como comandante das Forças Armadas, o presidente de Taiwan nomeia o primeiro-ministro, responsável por formar um gabinete, e sanciona legislações. 

Os locais de votação abriram às 21h (horário de Brasília) de 6ª feira (12.jan) e fecham às 5h deste sábado (13.jan). O resultado deve ser divulgado no fim a manhã.

Em todos os tipos de eleições, os taiwaneses utilizam as cédulas de papel, já que a votação eletrônica ainda não foi implementada no país. O resultado final do pleito é geralmente divulgado no mesmo dia da eleição pela Comissão Eleitoral Central. 

Ganha quem obtiver a maioria dos votos. Não há 2º turno. Para o Parlamento, formalmente chamado de Yuan Legislativo, cada eleitor tem 2 votos: um para o candidato do seu distrito local e outro para um partido.

O Yuan Legislativo possui 113 assentos, com 73 eleitos por maioria simples em distritos específicos, onde os eleitores votam diretamente no candidato. Outras 34 vagas são proporcionalmente distribuídas entre os partidos, exigindo que uma sigla obtenha no mínimo 5% dos votos totais para ganhar os assentos. 

Ou demais 6 assentos são designados para representar a população indígena de Taiwan. Cada legislador tem um mandato de 4 anos e a posse dos novos integrantes está marcada para 1º de fevereiro.

Cerca de 19,5 milhões de cidadãos taiwaneses estão elegíveis para votar. A população da ilha é de mais de 23 milhões. Os eleitores devem ter 20 anos ou mais.

Este post foi produzido pela estagiária de jornalismo Fernanda Fonseca sob a supervisão do editor-assistente Ighor Nóbrega

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