Edinho Silva, ex-coordenador de comunicação da campanha de Lula, disse à coluna que o governo precisa reorganizar a estratégia de diálogo com quem não votou no presidente, sobretudo com o segmento evangélico.
“Penso que temos que construir. Temos menos de um ano de governo, temos forças para reorganizar a comunicação institucional. É nítido, e o governo está se esforçando nesse sentido. Precisamos construir instrumentos para dialogar com aqueles que estiveram em um campo oposto no processo eleitoral de 2022. Isso não significa que eles pensem igual ao Bolsonaro”, afirmou Edinho.
O prefeito de Araraquara foi cotado para assumir um cargo no Palácio do Planalto, mas optou por concluir o mandato no interior de São Paulo. Na avaliação de Edinho, a esquerda precisa deixar de ser “taxativa” e “refratária” em relação aos evangélicos. “Não conseguiremos disputar o poder de concepção de mundo”, disse.
“Será que temos alguma coisa a ver com o mundo que as comunidades evangélicas defendem? Eu acho que temos muito a ver. Nós falamos de justiça, de combate à fome, de cuidar do adolescente que se envolve com droga, com a criminalidade, e do fortalecimento do núcleo familiar”, elencou.
Edinho afirmou que é preciso chamar a comunidade evangélica para dialogar, a fim de evitar que interpretações fundamentalistas sejam majoritárias no segmento. “Você tem que estar dentro da realidade para transformá-la. Se ficar do lado de fora, você pode até ser crítico, ter uma concepção crítica, mas não estará transformando a realidade. Penso que temos que reconhecer os méritos das comunidades evangélicas e chamá-las para dialogar.”
O petista está prestes a lançar “Uma cidade na luta pela vida — da pandemia ao 8 de Janeiro”, livro em que conta os bastidores sobre como Araraquara enfrentou a Covid-19 — e o negacionismo bolsonarista — e detalha sua participação na campanha de Lula e a reação do presidente aos ataques do 8 de Janeiro. Lula estava na cidade no dia da tentativa de golpe.
Confira abaixo a íntegra da entrevista em que Edinho fala sobre o livro e sobre a relação entre a esquerda e os evangélicos.