InícioEditorialPolítica NacionalEm 1º mês de lives, Lula se contradiz sobre o agro, omite...

Em 1º mês de lives, Lula se contradiz sobre o agro, omite emendas pagas e vê audiência patinar

Cinco primeiras transmissões ao vivo, se somadas, chegam a pouco mais de 570 mil visualizações, com promessas requentadas, tom de propaganda e pouca prestação de contas

Ricardo Stuckert/PR

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante conversa com o Presidente

O primeiro mês de lives do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi marcado, sobretudo, por discursos vazios, promessas requentadas e distanciamento com os espectadores. Batizada de “Conversa com o Presidente”, a transmissão ao vivo, ainda que tenha bebido da fonte das tradicionais lives semanais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está longe de ser um sucesso da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Isso porque, embora tenha como objetivo aproximar o presidente dos eleitores e trazer uma prestação de contas aos espectadores, na prática, o mês de estreia do programa com Lula teve como destaque contradições sobre o agronegócio, omissão do pagamento de emendas e poucas dados concretos do terceiro mandato do petista. Nas cinco primeiras transmissões, o chefe do Executivo federal concentrou suas falas, principalmente, em temas como salário-mínimo, Amazônia, economia, meio ambiente e agricultura, mostra levantamento da agência Lupa. Além desses assuntos, que figuram entre os cinco mais citados pelo presidente, as falas se concentraram em termos como negociações, com destaque para a antecipação do programa Desenrola Brasil; Minha Casa Minha Vida; e fake news.

Diferente do modelo usado na gestão Bolsonaro, que era mais informal e até “caseiro”, o tom da conversa com Lula se assemelha ao modelo de podcast, mas com discursos habituais de campanhas. “O povo brasileiro tem que ter paciência”, “estou extremamente satisfeito” e “vamos trabalhar muito” foram algumas das frases emblemáticas do presidente na primeira entrevista, de 13 de junho, quando ainda disse que “nunca teve problemas com o agronegócio”, embora tenha, dias antes, criticado a Agrishow, maior feira do agronegócio do país, e chamado seus organizadores de “facistas” e “negacionistas”. As transmissões seguintes não foram diferentes. Embora Lula tenha chegado a falar sobre suas próximas viagens ao exterior e projetos de leis sancionados, em mais de uma ocasião ele perdeu a oportunidade de adotar o tom de prestação de contas aos espectadores, como citando o resultado das viagens internacionais para o país, por exemplo. As “conversas com Lula” também abordaram, em “tom diplomático”, temas como meio ambiente, críticas à gestão anterior e ao 8 de Janeiro, a aprovação da reforma tributária e a relação com o Congresso Nacional, mas não houve a menção às seguidas liberações recordes de emendas parlamentares, nas vésperas das votações. “Não é a política que é dando que se recebe”, chegou a dizer Lula.

No total, as cinco transmissões ao vivo, se somadas, chegam a pouco mais de 570 mil visualizações. Sendo que a primeira soma 183 mil visualizações e a última, 77 mil – o que, além de tudo, mostra um evidente declínio na audiência. Ainda que as lives tenham sofrido mudanças de cenário para reverter o fracasso inicial, a avaliação é que, por mais que Lula fale bem, o formato aparenta uma propaganda política e não atrai a população. “Isso diverge muito do que o Bolsonaro fazia, porque apesar dos cenários precários, ele apresentava uma imagem mais espontânea na forma e nos conteúdos, nas falas, nas explosões que ele tinha. Lula, ao contrário, está sempre muito simpático, falando que quer ajudar a população. É um processo de aprendizado por parte do Partido dos Trabalhadores, que tem um problema de comunicação histórico com a população”, explica o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) ao site da Jovem Pan.

Enquanto o atual formato aparenta uma campanha e se assemelha aos discursos protocolares de Lula, o modelo anterior, com foco na prestação de contas, se justificava como um serviço ao cidadão. “A sensação é que a conversa com Lula foi orquestrada, as perguntas foram previamente estabelecidas. Não há uma interação direta com o público, tal como Bolsonaro expressava em suas lives. E ainda que Lula mostre um certo otimismo, isso sempre soa como campanha eleitoral. Esse formato é mais do mesmo que vemos nos discursos do Lula, nos protocolos presidenciais ou mesmo durante as campanhas”, pondera o cientista político. Paulo Niccoli Ramirez afirma que, mesmo com as críticas ao antecessor, Lula adota um tom político e de permanente otimismo, o que não soa verdadeiro. “Bolsonaro, com todas as suas falhas, parecia mais humano. Não em termos de carisma ou competência, mas de ser mais falho e dialogava com um público dele. Já Lula, não. Ele tenta falar para todos, o que acaba afastando uma parte do eleitorado que não gosta dele e vê como manipulação e hipocrisia essa ideia”, conclui.

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Últimas notícias

Prima da Antibaixaria? Vereador apresenta projeto de lei para vetar contratação de artistas com músicas explícitas

Um projeto de lei proposto pelo vereador Alexandre Aleluia (PL) pode dar fim a...

Naiara Azevedo diz ter sido excluída de especial de música sertaneja

A cantora Naiara Azevedo afirmou que foi excluída do especial Amigas, que reuniu nomes...

Abel Ferreira exalta triunfo do Palmeiras: ‘Foi a vitória do suor, da atitude’

O Palmeiras venceu o Bahia, de virada, por 2 a 1, na noite da...

Estudantes da rede estadual participam de experiência imersiva para estudar o aparelho digestivo

Nesta quinta-feira (21), estudantes de escolas estaduais tiveram a oportunidade de participar de uma...

Mais para você