Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou em delação premiada que o “gabinete do ódio” era comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente da República. As informações são do site UOL.
O depoimento de Cid reforçou o papel de relevância do vereador na comunicação do pai. Carlos (à esquerda, na foto em destaque) coordenava as estratégias nas redes sociais de Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral de 2018 e, após a chegada dele à Presidência da República, os ex-servidores Tercio Arnaud e Mateus Sales Gomes entraram na equipe.
Cid também apontou Bolsonaro como participante em divulgações de notícias falsas e com ataques às instituições do país. O ex-presidente usava o próprio celular para enviar mensagens, às vezes mentirosas, com investidas contra autoridades, inclusive ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o tenente-coronel.
À Polícia Federal (PF), Carlos Bolsonaro, Tercio Arnaud e Mateus Sales Gomes negaram participação em ataques contra as instituições. E, em nota enviada pelo advogado Fábio Wajngarten ao UOL, a defesa de Jair Bolsonaro afirmou que “a ‘delação’, segundo o procurador, mais se parece com uma confissão” — em referência ao subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos.
Influência de Michelle e Eduardo O “gabinete do ódio” era um grupo responsável por publicações em redes sociais. Os integrantes dele são investigados por incentivo a ações golpistas, no âmbito de inquérito no STF que trata as ações coordenadas como “milícias digitais”.
Mauro Cid foi preso em maio, após investigações sobre fraudes em cartões de vacina da família Bolsonaro. Em setembro último, o tenente-coronel firmou acordo de delação premiada e pode deixar a prisão, mas deverá usar tornozeleira eletrônica.
Durante a delação, Cid acusou Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama do país, e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal e filho do ex-presidente, de encorajar Jair Bolsonaro a dar um golpe de Estado.
O ex-ajudante de ordens disse haver um grupo radicalizado próximo a Bolsonaro, que incluía a esposa e o filho do ex-presidente. Para Michelle e Eduardo, uma manobra antidemocrática do então mandatário seria apoiada pelos eleitores dele, sobretudo aqueles com licença para uso de armas, como colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs).
Mauro Cid acrescentou que o plano só não foi adiante porque não houve endosso suficiente das Forças Armadas. Contudo, militares haviam sido mobilizados para descobrir fraquezas do processo eleitoral e procurar uma brecha para anular as eleições, segundo o tenente-coronel.
A busca por uma suposta fraude seria, também, motivo para a resistência de Bolsonaro em desmobilizar acampamentos de apoiadores em frente a quartéis-generais do Exército Brasileiro, de acordo com Cid.