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Ensaio dos Filhos de Gandhy dá prévia do retorno do Afoxé no Carnaval

A nação Gandhy ouviu o chamado do Afoxé e compareceu em peso ao ensaio de Carnaval realizado na sede da associação, no Pelourinho. Cerca de 600 pessoas, entre baianos e turistas, lotaram a casa e fizeram coro ao tradicional pedido de paz feito pelos Filhos de Gandhy, na tarde deste domingo (22). Quem costuma frequentar os ensaios garante: após dois anos sem o bloco na rua, a energia carnavalesca está ainda mais forte. 

Antes do show começar, integrantes do grupo se reuniram na entrada da sede para o tradicional padê. O rito típico de religiões de matriz africana consiste em oferecer alimentos e bebidas a Exu como forma de pedir proteção. Como parte da oferenda, os Filhos de Gandhy se dirigiram até o Largo do Pelourinho, onde depositaram farofa, arroz e bebida. 

“Nós fazemos essa oferenda a Exu para que tudo ocorra bem no ensaio e para que as pessoas que comparecem venham e voltem em paz. Pedimos que Exu traga felicidade e caminhos abertos”, explicou Pai Toinho, que desfila no bloco há mais de dez anos.  

O padê é feito para que tudo ocorra bem no ensaio (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Com a proteção de Exu garantida, foi difícil encontrar quem tenha ficado parado quando a percussão dos Filhos de Gandhy começou a agitar o público pouco antes das 17 horas. Até quem começou meio tímido, do lado de dentro da sede, se rendeu aos cantos e entrou para a roda de dança. O carioca Rian Rodrigues, 34, não abre mão de passar o Carnaval na cidade natal, mas aproveitou a viagem por Salvador para curtir o ensaio do Afoxé que ele tanto admira, mesmo à distância. 

“Eu gosto muito do ijexá e reconheço a importância cultural dos Filhos de Gandhy. É muito bom pegar esse axé antes de voltar para casa”, contou o professor um pouco antes de entrar no ritmo da percussão. Apesar de as mulheres não poderem fazer parte da roda, figuras femininas marcaram presença no ensaio aberto ao público. 

Quem chamou atenção foi a pequena Maria Luisa, de 6 anos, que acompanhava o ritmo das músicas como se tivesse a experiência de gente grande. Não por acaso: desde que estava na barriga da mãe, Liliane da Silva, 37, já acompanhava o atabaque e agogô do Afoxé.

Liliane da Silva levou a mãe e filha para o ensaio como forma de manter a tradição familiar (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

“Há sete anos eu acompanho o bloco de fora das cordas no Carnaval. É uma sensação muito boa e contagiante, quando você começa a ir atrás não quer mais perder”, disse Liliane. A doméstica está em contagem regressiva para que o cheiro de alfazema tome novamente conta da avenida e, dessa vez, a folia vai ser mais especial: pela primeira vez, Liliane vai desfilar no bloco Filhas de Gandhy, versão feminina do Afoxé. 

O presidente da associação, Gilsoney de Oliveira, é outro que não esconde a ansiedade para o retorno do bloco às ruas. Para ele, a volta do Carnaval será o momento mais importante do grupo desde que Gilberto Gil voltou do exílio, se associou e garantiu um gás ao Afoxé que estava enfraquecido, no início da década de 70.

“Nossa expectativa é muito grande para o Carnaval porque os associados têm uma ligação muito forte com a data, que passa a cada geração e mantém viva a cultura afrodescendente”, afirmou.

Sem ter patrocínio de empresas privadas neste ano, o maior afoxé da Bahia resiste aos impactos financeiros causados pela pandemia graças aos incentivos públicos e à venda dos passaportes para o Carnaval. São esperados mais de 5 mil homens nos três dias de desfile deste ano. 

Apesar da tradição, a cada fevereiro, o grupo ganha às ruas com alguma novidade. Em 2019, por exemplo, a fantasia com tons de dourados virou polêmica entre associados e simpatizantes. Um ano antes, a surpresa foi uma pomba gigante que chamou atenção dos foliões de todos os blocos e da pipoca.

O presidente garante que neste ano não vai ser diferente, mas ainda mantém o suspense. “Sempre trazemos novidade e polêmica como forma de dar visibilidade. Ainda estamos esperando algumas confirmações, mas já sabemos que vamos ter umas alas diferentes e bem bonitas”, revelou Gilsoney. 

Até o Carnaval, outros três ensaios serão realizados nos dias 28 de janeiro, 5 e 12 de fevereiro. O evento ocorre sempre aos domingos, a partir das 16 horas e a entrada é gratuita. Para quem deseja fazer parte do tapete branco nos dias de festa, o passaporte custa entre R$600 e R$700 e está sendo vendido na Central do Carnaval. 

Serviço

O que: Ensaio do Afoxé Filhos de Gandhy
Onde: Sede da associação (Rua Gregório de Matos, nº 53, Pelourinho)
Quando: Dias 28 de janeiro, 5 e 12 de fevereiro
Valor: Gratuito

*Com orientação de Jorge Gauthier.

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