O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou o cancelamento de reunião que teria na tarde desta terça-feira (6/2) com líderes partidários da Câmara dos Deputados. O encontro, que também contaria com a presença do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), trataria da pauta legislativa, mas sem a presença do presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL).
Haddad cumpriu agenda em São Paulo na manhã desta terça. Ao chegar à sede da pasta, em Brasília, ele foi indagado por jornalistas sobre o cancelamento e respondeu que o pedido partiu do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
“Manteve a dos senadores e cancelou a dos deputados. Eu não sei, o [José] Guimarães que entrou em contato com a chefia de gabinete e pediu para transferir para outro dia”, respondeu Haddad.
Na sequência, questionado se o cancelamento tem relação com as declarações do presidente da Câmara na abertura do Ano Legislativo, ele minimizou:
“Não fui eu que cancelei. O líder do governo é que me ligou pedindo para adiar”. A versão inicial era de que o encontro, que ocorreria entre 16h30 e 18h na sede da Fazenda, teria sido cancelado a pedido da equipe de Haddad, mas alguns líderes demonstraram desinteresse com a reunião ou nem sabiam da agenda.
“Está tudo bem, vai dar tudo certo”, concluiu Haddad, já entrando no ministério, diante da insistência dos jornalistas.
Segue prevista para esta terça a reunião dos dois ministros com os líderes do Senado, às 16h30, na Fazenda. Ainda não há data para o encontro com os líderes da Câmara.
Lira cobra o governo Na segunda-feira (5/2), em sessão no plenário da Câmara, Lira fez um discurso com cobranças ao ministro Padilha, responsável pela articulação política, e ao governo federal.
“Errará ainda mais apostar na omissão desta Casa – que tanto serve e serviu ao Brasil – em razão de uma suposta disputa política entre a Câmara dos Deputados e o Poder Executivo. Para esses, que não acompanharam nosso ritmo de entregas e realizações, deixo, humildemente, um importante recado: não subestimem esta Mesa Diretora! Não subestimem os membros desta Legislatura”, discursou Lira.
O presidente da Câmara ainda salientou que o orçamento é de todos e não é nem pode ser de autoria apenas do Poder Executivo. “Não admitimos que sejamos criticados por isso. Quanto mais intervenções o Congresso fizer ao orçamento, mais o Brasil será ouvido”, argumentou.
Parlamentares têm se queixado do veto presidencial a R$ 5,6 bilhões de emendas de comissão e acusado o governo de não estar respeitando acordos.
Também há insatisfação com a Medida Provisória (MP) da Reoneração, uma alternativa editada pelo governo para substituir a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia.
Haddad diz querer ouvir Congresso sobre alternativa à desoneração
Apesar da pressão pela troca de Padilha, o presidente Lula (PT) não tem dado sinais de que demitirá o auxiliar. Alvo de fritura do Centrão, o ministro disse, também na reabertura dos trabalhos da Câmara e do Senado, que o governo “nunca rompeu e nunca romperá relação com o Congresso Nacional”.