Um aluno de 25 anos do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas sob a suspeita de ter desviado aproximadamente R$ 500 mil da república onde morava. O valor foi retirado de duas contas bancárias da República Partenon, uma das mais tradicionais da cidade mineira, e vinha sendo juntado desde 2005, com o objetivo de comprar um imóvel que se tornasse a sede fixa da associação.
Moradores e ex-alunos da república estão em choque desde o fim de fevereiro, quando foram acionados pelos advogados de Ygor Fernandes Araújo. O rapaz, que era tesoureiro da Associação República Partenon de Ouro Preto (Arpop) desde outubro de 2021, teria começado a desviar dinheiro desde aquele ano, mas sempre em pequenas quantidades. “Os atuais moradores só tomaram conhecimento dos fatos quando foram procurados pelo advogado”, disse a Arpop, em nota nas redes sociais.
A maior parte do dinheiro, cerca de R$ 400 mil, foi desviada durante o carnaval, “momento em que os membros da república estiveram ocupados com os eventos por eles organizados e não se atinaram para tal ação”, segundo boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil no dia 4. O valor total estava distribuído em três contas. Em duas, na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil, a movimentação só era permitida com a assinatura de outro membro da Arpop.
A terceira conta, no Banco Efí (antigo Gerencianet), podia ser movimentada apenas por Ygor, sem precisar da autorização dos demais. Na ocorrência, os moradores da república afirmam que ele realizava transferências dessa conta para outra, de uso pessoal, desde 2021. “Quando foi percebido o desvio, ainda houve uma tentativa por parte dos moradores de bloquear esta terceira conta, mas Ygor já teria transferido este dinheiro para suas contas particulares”, diz o boletim.
Quebra de confiança
Em uma notícia-crime enviada ao Ministério Público de Minas, os moradores da república afirmam que a criação desta terceira conta no Banco Efí foi uma sugestão do próprio Ygor, “com o intuito de ser uma plataforma de recebimento do dinheiro de turistas que adquirissem o pacote de carnaval” vendido pela Arpop.
Para transferir os valores das duas contas originais para esta terceira, Ygor precisava da autorização do presidente da associação, Vinícius José Teixeira Souza. Os pedidos para liberação foram feitos “sob argumento de pagar fornecedores e liberar os trâmites da compra da casa”, segundo a notícia-crime. No documento, Vinícius alega que “em nenhum momento desconfiou que o dinheiro estava sendo desviado”.
Alunos veem ação parecida com a da Medicina-USP
Segundo o relato dos moradores da Partenon, Ygor teria saído de Ouro Preto no fim do ano, quando voltou a morar com os pais em Contagem, município próximo da capital e distante 113 quilômetros dali.
Ele seguiu com as funções de tesoureiro a distância e se comunicava com os amigos por redes sociais e telefone. No dia 1 º, moradores da república foram procurados por um escritório de advocacia para tratar de questões relativas “à aquisição da nova sede, bem como com relação ao estado de saúde de Ygor para continuar nas funções de tesouraria”. Foi nessa reunião que se tornou público o problema.
Segundo os moradores relataram à polícia, os advogados de Ygor disseram que ele teria descoberto um rombo de R$ 17 mil nas finanças da associação ainda em agosto de 2022 e tentou recuperar o valor fazendo “maus investimentos que causaram prejuízo”. Integrantes da Partenon lembraram o modus operandi da estudante de Medicina da USP acusada de ter desviado dinheiro da formatura para “corrigir um rombo nas finanças”. Ao olharem os extratos, eles se depararam com as transferências feitas para contas pessoais. Naquele mesmo dia da reunião com os advogados, foram três.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.