InícioEditorialEstudantes de escolas públicas conhecem cultura quilombola e indígena de perto

Estudantes de escolas públicas conhecem cultura quilombola e indígena de perto

A história do Brasil é recontada através do ponto de vista dos povos indígenas e africanos na 6ª edição do projeto Era Uma Vez… Brasil, que leva adolescentes de escolas da rede municipal de Salvador e Mata de São João para vivências em quilombo e aldeia indígena. A iniciativa é dividida em quatro fases e cerca de 100 alunos estão na segunda, chamada Campus, que é uma imersão, onde os participantes ficam acampados em uma escola por sete dias e conhecem a cultura dos povos originários. Desde a primeira edição do projeto, em 2016, mais de 5 mil estudantes baianos já participaram da primeira etapa. 

Em cinco anos consecutivos de projeto, foram beneficiados quase 11 mil adolescentes de 414 escolas públicas localizadas em 27 municípios nos estados da Bahia, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo o coordenador pedagógico do Era Uma Vez… Brasil, Guilherme Parreira, o grande objetivo da iniciativa é ressignificar a história e a cultura do Brasil, trabalhando com a história dos povos originários que já estavam no Brasil antes da chegada dos portugueses e também dos povos africanos que foram escravizados. 

“São quatro etapas, a primeira é chamada de “Fatos Históricos”, em que 30 professores de história de 27 escolas de Salvador e Mata de São João, que dão aula para alunos do 8° ano, que são o nosso público-alvo, são chamados para encontros mais teóricos e práticos, uma formação e capacitação, incluindo vivências culturais de temática indígena e afro-brasileira, para enriquecer ainda mais as aulas de história. A partir daí, esses docentes propuseram atividades em sala de aula para os mais de 300 alunos inscritos, que produziram histórias em quadrinhos (HQs) ”, detalha Parreira. 

Após passarem pela primeira etapa, os alunos seguem para o Campus, onde ficam acampados em um colégio de Mata de São João por uma semana. Lá eles interagem com outros estudantes, professores e também têm a oportunidade de conhecer quilombos e comunidades indígenas para trocarem conhecimento e cultura. Rejane Rodrigues, do Quilombo Quingoma, localizado em Lauro de Freitas, que foi visitado pelos estudantes do projeto, contou dá continuidade a luta dos seus ancestrais e por isso é tão importante a troca de informações.

“Nós contamos a história real do Brasil, tirando a história fantasiosa que contam nos livros de “descoberta”. É fantástico fazer essa troca de informação, porque o objetivo das comunidades tradicionais está na oralidade, na transmissão do saber através da comunicação, em manter viva a nossa cultura”, comentou. 

O estudante João Vitor Souza, de 13 anos, que mora em Mata de São João, afirmou que o desejo de saber mais sobre a cultura do Brasil o levou ao quilombo e a comunidade indígena. “Quero saber sobre os povos que foram e ainda são historicamente excluídos, quero abrir minha mente para aprofundar mais nessa temática. Eu aprendi sobre as história dos afro brasileiros, fui para quilombos e comunidades indígenas, foi importante conversar com eles, ter outra perspectiva sobre como é a vivência deles, as histórias e as culturas, que são muito ricas”, destacou o aluno. 

mata de são joão
A vivência promove a interação e a troca de afetividades entre os jovens e as comunidades (Foto: Arisson Marinho) 

Em uma das atividades no quilombo, sobre resgate da afetividade, foi quando Pérola Santos, 16, de Salvador, se sentiu mais acolhida e, segundo ela, o sentimento é inexplicável. Era um corredor onde as pessoas ficavam enfileiradas, cada estudante passava de olhos fechados e, a cada tropeço, alguém o abraçava e o guiava. “Foi uma sensação muito boa para mim, não consigo nem dizer como me senti, foi muito lindo. Estou aprendendo muitas coisas que eu nunca pensei que pudesse ter a chance de conhecer e vivenciar. Mesmo que eu não passe por todas as fases, já está sendo incrível e muito divertido”, disse a participante. 

“Toda a experiência tem sido incrível, principalmente porque eu sempre gostei muito de história. O que mais me chamou a atenção nas comunidades foi a dança, as músicas, a comida e a religião. Eu fiquei realmente encantado e muito feliz em poder conversar e conhecer um pouco mais da cultura deles”, destacou o Pedro de Jesus, 13. 

Na penúltima fase, os adolescentes selecionados, um total de 100 espelhamos por todo o Brasil, seguem para Lisboa, em Portugal. “Todos os alunos selecionados se encontram para levar essa discussão histórica sobre o nosso país. Lá a gente busca entender: quando eles falam da colonização e do Brasil, quais termos eles utilizam? Como eles ensinam essa temática hoje? Então temos esse intercâmbio educativo e cultural. Também visitamos tudo que tem a ver com o Brasil lá, castelos, palácios, locais onde a família real morou”, explica o coordenador pedagógico.  

“Nosso foco é valorizar a perspectiva dos povos indígenas e africanos na formação identitária histórica e cultural do Brasil, exaltando a ancestralidade, diversidade, pluralidade, multiplicidade e trabalhando conceitos importantíssimos como antirracismo, afrocentricidade, indigenismo e ecossocialismo em todas as etapas do projeto”, destaca Marici Vila, diretora executiva da Origem Produções, empresa idealizadora do Era Uma Vez…Brasil. 

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