O pastor Flávio Amaral, líder do Ministério Libertos Por Deus, se posicionou sobre as graves acusações de homotransfobia e tortura feitas contra ele após a morte de Letícia Maryon, uma jovem de 22 anos que frequentava sua igreja.
A denúncia foi apresentada ao Ministério Público pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e pela candidata a vereadora Amanda Paschoal, alegando que o pastor teria submetido Letícia a um processo de “destransição” que teria agravado sua saúde mental.
Durante uma entrevista ao canal “Eu Acredito Podcast”, Amaral expressou sua tristeza com o desfecho do caso e defendeu que seu ministério foi apenas uma tentativa de ajudar Letícia — a quem conheceu como Taylor — em meio a uma “luta espiritual”. Ele descreveu o relacionamento com Letícia como uma tentativa de apoio e recuperação, especialmente diante do histórico de crises e tentativas de suicídio anteriores da jovem.
“Eu conheci a pessoa como Taylor, nunca como Letícia. Ele sempre se apresentou assim. O conheci há quatro anos, quando ele passou a frequentar nossa igreja e ficou um tempo morando na minha casa. Desde então, ele tinha muitas lutas pessoais, mas sempre era bem-vindo, mesmo com todas as dificuldades”, afirmou o pastor. Segundo Amaral, Taylor chegou a deixar a igreja e se afastar, retornando em várias ocasiões, mas permanecendo sempre em contato próximo.
Amaral nega as acusações de que tenha exercido qualquer tipo de “cura forçada” ou medidas abusivas. Ele relatou que sua orientação era sempre baseada no acolhimento e no desejo de que Taylor, que eventualmente mudou o nome para Letícia, pudesse encontrar uma vida livre dos vícios e das dificuldades que enfrentava.
O pastor revelou que o jovem enfrentava sérios problemas com o uso de drogas e que estava em busca de apoio espiritual. “Eu o aceitava como ele era, só queria que ele ficasse longe das drogas. Eu dizia, ‘Eu te aceito como você é, mas larga essas drogas, isso te mata’”, relatou.
A denúncia feita contra Amaral afirma que o pastor teria forçado Letícia a práticas intensivas de jejum e a submeter-se a humilhações públicas, como parte de um processo de “destransição” que ele liderava em sua congregação.
Contudo, o pastor rebate essas acusações, alegando que Letícia sempre participou voluntariamente dos cultos e que qualquer intervenção foi feita com seu consentimento. Ele expressou sua frustração com a forma como o caso foi retratado: “Fizeram uma narrativa para nos incriminar, uma acusação caluniosa. Não há como responsabilizar alguém pelo fim trágico de outra pessoa. A dor da perda é grande para todos nós, inclusive para mim”.
Amaral enfatizou que sua missão é “libertar” indivíduos das práticas e vícios que ele considera prejudiciais, e que todo o apoio que ofereceu a Letícia — incluindo emprego e ajuda para mobiliar seu apartamento — foi feito de forma voluntária.
Ele expressou sentimentos de culpa, dizendo-se “fracassado” por não conseguir impedir o suicídio de Letícia, a quem ainda se refere como Taylor. “Foi uma grande perda para nós. Eu me senti impotente porque, se eu soubesse, teria ido buscar ele. Se ele tivesse dado qualquer sinal, eu estaria lá”, disse emocionado.
O pastor ainda informou que Letícia tinha um histórico de tentativas de suicídio, e que a família dela também compartilhou o sofrimento. “A mãe dele ligou para mim, desesperada, depois que ele foi embora. Eu tentei de tudo, mandei mensagem, pedi para ele voltar, mas não consegui impedir,” contou.
Veja a entrevista completa:
Resposta às denúncias de Erika Hilton
A denúncia feita pela deputada Erika Hilton e Amanda Paschoal condena as práticas do Ministério Liberto Por Deus como sendo baseadas em homotransfobia e tortura, acusando o pastor de exceder os limites da liberdade religiosa ao infringir direitos fundamentais. Amaral, no entanto, refutou a denúncia, afirmando que ele próprio foi vítima de ataques e que não aceitará que sua missão de “libertação” seja difamada. “A senhora Erika Hilton vai ter que responder por essa acusação caluniosa, que tenta parar meu trabalho e desrespeitar minha fé e meu direito de transformar minha vida,” declarou.
Amaral afirmou que, assim como qualquer outra pessoa, ele tem o direito de se manifestar conforme sua experiência religiosa, e disse que entrará com processos legais contra aqueles que, segundo ele, publicaram informações “tendenciosas e falsas” sobre seu ministério e sobre seu envolvimento com Letícia.
O caso permanece sob investigação e tem gerado repercussão nas redes sociais, com manifestações de apoio e críticas ao ministério de Flávio Amaral. Enquanto aguarda os desdobramentos legais, o pastor reforça que sua intenção foi sempre a de acolher, não de prejudicar.
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