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Ex-número 2 da Segurança do DF diz que Torres viajou sem deixar diretrizes para atos de 8 de janeiro

Fernando de Sousa Oliveira afirma que ex-secretário sairia de férias apenas um dia depois da invasão

Isac Nóbrega/PR

Anderson Torres só sairia de férias em 9 de janeiro, um dia depois da invasão em Brasília

O ex-secretário Executivo de Segurança Pública do Distrito Federal, Fernando de Sousa Oliveira, afirmou nesta quarta-feira, 18, durante depoimento à Polícia Federal, que o ex-titular da pasta, Anderson Torres, só sairia de férias em 9 de janeiro, um dia depois da invasão em Brasília. O delegado federal Fernando de Sousa alega que em 5 de janeiro, Torres avisou que iria viajar e deixaria aprovado um Plano de Ações Integradas referente as manifestações marcadas para os dias 6,7 e 8. “Anderson sairia de férias apenas na segunda-feira, dia 09/01/2023, sendo que Anderson era o titular da pasta até dia 08/01/2023, dia da invasão da Praça dos Três Poderes”, diz o depoimento.  O ex-secretário Executivo, considerando o número 2 da Segurança do DF, alega que o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro não deixou nenhuma diretriz específica e que não apresentou o substituto aos comandantes das forças policiais ou ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, antes de viajar aos Estados Unidos.

Oliveira também fala em “erro de execução” da Polícia Militar no episódio da invasão em Brasília, uma vez que estava a cargo da corporação “a definição do efetivo policial a ser alocado em campo, equipamentos, viaturas e estratégia de atuação conforme planejamento próprio”. Ele também afirma que recebi os informes da área da inteligência da Secretaria de Segurança por meio de grupos no Whatsapp, responsáveis por difundir informações referentes as manifestações em tempo real. No entanto, ele alega ter recebido “poucas informações sobre radicais sendo sua grande maioria advinda de rede social e não de acompanhamento in loco realizado por policiais de inteligência”. “Relata que as informações de inteligência apontavam que o ambiente estava controlado e tranquilo, nos seguintes termos, conforme constam dos grupos, ‘ânimos pacíficos’, ‘situação tranquila e sem alteração’, ‘normalidade’, ‘tudo normal’, ‘policiamento reforçado’. As informações foram apresentadas ao Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública do DF, que determinou a ‘continuidade do monitoramento dos atos’.

Ainda em seu depoimento, Fernando Oliveira reforça que, ao ser informado sobre a invasão, se dirigiu a Esplanada dos Ministério e, diante da ausência do titular da pasta, acionou o gabinete de crise com a convocação de comandantes das forças, deslocamento das tropas localizadas nas cidades satélites, recrutamento dos policiais de folga e também determinou que fossem efetuadas prisões em flagrante e a identificação dos invasores. Ele também alega ter solicitado reforços de tropas especializadas da Polícia Militar nos prédios Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez que o Congresso “já havia sido invadido”. Como a Jovem Pan mostrou, Anderson Torres é investigado por suspeita de leniência nos atos de vandalismo que ocorreram em Brasília. A prisão dele foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 10 de janeiro. Na visão do magistrado, houve descaso e conivência do ex-secretário e o episódio de vandalismo aconteceu “mediante participação ou omissão dolosa”.

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