Articulação ganha força no Congresso e poderia valer para as eleições de 2024; cálculo de congressistas envolvidos na negociação projeta grupo com 200 deputados
Se concretizada, federação teria cerca de 200 deputados e controlaria aproxidamante 1/3 das prefeituras brasileiras Agência Brasil
Guilherme Waltenberg 21.dez.2023 (quinta-feira) – 11h59
Uma negociação em curso no Congresso pode levar ao surgimento do maior partido do país. Políticos influentes no PP, União Brasil e Republicanos debatem a formação de uma federação de centro-direita que uniria os 3 partidos.
A negociação é sequência de outra que ficou paralisada na 1ª metade deste ano. Na época, PP e União Brasil conversavam sobre uma fusão. Agora, o Republicanos, de Marcos Pereira, juntou-se ao grupo. E há simpatia de alguns dos principais políticos dos 3 partidos.
O cálculo é que, no ato de fundação, o partido se tornaria líder em 2 dos principais quesitos quando se analisa o tamanho de partidos políticos. Teriam a maior bancada de deputados federais, com aproximadamente 200 representantes. E também o maior número de prefeitos. O cálculo, nesse caso, é mais impreciso. Dizem que seria perto de 1.500, o que representaria mais de 1/3 dos municípios brasileiros.
A articulação está sendo conduzida pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI). No União Brasil, é Antonio Rueda, vice-presidente e possível futuro presidente, quem comanda. No Republicanos, Marcos Pereira discute o tema junto a outros aliados.
Segundo alguns dos congressistas envolvidos na conversa, o partido estaria em uma situação confortável também para a eleição nacional. Teria ao menos 3 possíveis candidatos à Presidência. São eles:
Tarcísio de Freitas (Republicanos) – o governador de São Paulo é frequentemente citado como possível candidato caso Jair Bolsonaro (PL) se mantenha inelegível até 2030; Ronaldo Caiado (União Brasil) – governador de Goiás não esconde que tem a intenção de se candidatar a presidente, cargo que disputou sem sucesso em 1989; ACM Neto (União Brasil) – o ex-prefeito de Salvador é citado por alguns como possível candidato. Entenda aqui a diferença entre partidos, federações e blocos partidários.
IDEIA TINHA PERDIDO O FÔLEGO No início do ano, uma articulação centrada no PP e no União Brasil pretendia criar o “União Progressista”, comportando um grupo de 108 deputados (59 do União e 49 do Progressistas), o maior da Câmara.
O plano não foi para frente. Fazia parte de uma solução para impasses à época entre os partidos, como a indicação do relator da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que acabou nas mãos de Danilo Forte (União-CE). Em compensação, a Reforma Tributária –promulgada na 4ª feira (21.dez)– ficou com Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
A super federação teria o potencial de abalar a base de apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara. Em separado, os 3 partidos fazem parte de uma campo relativamente alinhado ao governo, mas não são votos garantidos e divergiram internamente em pautas caras ao governo, como a própria tributária.
Com a sinalização de que o União não irá apoiar Lula em uma eventual reeleição em 2026, a federação representaria uma incubadora do possível adversário do petista no próximo pleito.