InícioEditorialFeira Petxs propõe reflexão sobre geração de renda

Feira Petxs propõe reflexão sobre geração de renda

No dia em que a história oficial celebra a assinatura da Lei Áurea, 26 empreendedores negros se reuniram na Praça da Sé para a terceira edição da Feira de Empreendedorismo Pretxs. Enquanto apresentavam e vendiam produtos de segmentos diversos, como moda, beleza, artes e gastronomia, os participantes da iniciativa – promovida pela União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro Bahia) e do App Pretxs – foram unânimes em reconhecer que a verdadeira liberdade do povo preto e as reparações históricas passam pela implantação de políticas públicas mais inclusivas para a geração de trabalho e renda. 

Pela primeira vez participando da iniciativa, a professora e artesã Fernanda Rodrigues, da Nanda Rodrigues Acessórios Personalizados (@nracessoriospersonalizados), ressaltou a importância da proposta porque viabiliza o comércio dos empreendedores e possibilita que uma parcela da população possa ter acesso a produtos de qualidades por valores mais acessíveis que os praticados nos grandes centros comerciais. 

Fernanda Rodrigues marcou presença na Feira Pretxs com um trabalho artesanal voltado para a valorização da religiosidade e da inclusão (Fotos: Carmen Vasconcelos)

“As feiras possibilitam que a gente possa mostrar que existe muita produção qualificada sendo feito de modo artesanal, permitindo que o empreendedor preto possa vender e que a população possa consumir”, ressaltou.

Fernanda começou a empreender em 2016 e, desde então, não parou mais. Na época, os brincos eram uma forma de complementar a renda e o salário de professora especializada em educação especial. “Com um tempo, comecei a aprender sozinha e, hoje, ampliei a produção para colares, pulseiras e adereços que reforcem a inclusão e a diversidade humana, com peças que remetem ao respeito às pessoas autistas ou cadeirantes, além de uma linha voltada para a religiosidade”, completa.

Consumidores

A empreendedora Melinda Carvalho, da Delícias da Mel e Oyá Doces, por exemplo, fez questão de pontuar que até para as vendas na feira ou em qualquer parte do Centro Histórico, a ausências dessas políticas públicas fazem falta. 

Melinda Carvalho reclamou de medidas mais efetivas para tornar as atividades comerciais no Centro Histórico mais humanizadas e respeitosas para quem vende e quem compra 

“Hoje, só quem parou para comprar foram as pessoas que trabalham por aqui ou moradores da área. Os turistas nem param porque têm medo do assédio. Mesmo oferecendo os nossos sequilhos de prova, eles temem ser coagidos a pagar valores altos. Essa situação é ruim para todo mundo, especialmente para quem quer comercializar”, desabafou.

Luciana Costa, idealizadora e dona da marca Negralu (@negralu21), que produz adereços de moda afro, como turbantes, bolsas, ecobags, pochetes e outros acessórios, também esteve presente na iniciativa e reforçou o papel dessas atividades para dar visibilidade e ampliar a rede de clientes. 

“Por vezes, o investimento feito nessas participações é maior que o retorno de vendas porque sabemos que, hoje, é necessária uma estrutura ampla e articulada para atrair consumidores, mas sabemos que esse é o momento de fortalecer a união dos empreendedores”, complementou. 

Pretxs

Nessa edição, mais que dar visibilidade e impulsionar a geração de renda de afroempreendedores, a feira também buscou fortalecer o aplicativo Pretxs, que reúne micro e pequenos empreendedores numa proposta de apoio e projeção. De acordo com a presidente da Unegro Marina Duarte, o aplicativo é uma forma de organização importante para empreendedores e empreendedoras, no entanto, carece de uma tecnologia mais amigável para quem está começando a atuar na área. 

Tatyana Cristina deixou o ponto de Cosme de Farias, onde é conhecida pela feijoada, para integrar e fortalecer o movimento de empreendedores do App Pretxs

“Nossa feira é uma tradição nesse dia que marca uma data de importante reflexão sobre liberdades e sustentabilidade através do trabalho. No entanto, precisamos de muito mais. Tudo o que fazemos requer muita organização e esforço conjunto. Precisamos dessas políticas que nos garanta inclusão nessa geração de renda”, desabafou a líder. 

Marina chamou atenção para as mulheres negras empreendedoras que respondem por mais de 60% de todas as iniciativas de pequenos e micro negócios. “Essas mulheres precisam lidar com questões como o machismo e o racismo, além da necessidade, muitas vezes, de conciliar múltiplas jornadas dentro e fora de casa”, finalizou. 

A programação contou com atrações culturais e atendimentos do SineBahia Móvel e da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi).

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