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Fuga de Zema e de ACM Neto marca o início dos debates eleitorais

Raras vezes debates entre candidatos definem uma eleição ou influenciam decisivamente no seu rumo. O primeiro e mais famoso deles foi no início dos anos 60 do século passado e reuniu John Kennedy, Democrata, e Richard Nixon, Republicano, que disputavam a presidência dos Estados Unidos.

Quem acompanhou pelo rádio disse que Nixon ganhou o debate. Quem o fez pela televisão deu a vitória a Kennedy. Eleito com uma diferença pequena de votos, parte deles comprados à Máfia, Kennedy foi assassinado em novembro de 1963 antes de completar o mandato. Aqui tentaram matar Bolsonaro antes de ele se eleger.

Eleito presidente no primeiro turno da eleição de 1994, Fernando Henrique Cardoso fugiu dos debates em 1998 quando se reelegeu. Nas duas vezes, derrotou Lula. Eleito em 2002, Lula fugiu dos debates no primeiro turno da eleição de 2006. Ele mesmo admite que isso pode tê-lo obrigado a disputar o segundo turno.

As pesquisas mostram que a maioria dos eleitores aponta os candidatos nos quais irão votar como vencedores dos debates, quer eles tenham se saído bem ou mal. Comportam-se como torcedores. Nem por isso os debates são irrelevantes. Eles movimentam a cena política e indicam que a eleição está às portas.

O ciclo dos debates começou com a realização pela Rede Bandeirante de TV de 10 deles para os governos de 9 Estados e do Distrito Federal. Pelo menos em 4 (Minas Gerais, Paraná, Bahia e Amazonas), os candidatos favoritos preferiram não comparecer. O motivo foi um só: evitar o risco de virar saco de pancadas.

O caso que mais chamou a atenção foi o do governador de Minas Romeu Zema (NOVO), candidato à reeleição, que confirmou presença. Seus principais assessores participaram do sorteio que minutos antes do início do debate definiu qual candidato falaria primeiro e qual perguntaria primeiro. Zema foi sorteado.

Seria o primeiro a falar. Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte, seria o primeiro a perguntar. Então, Zema alegou uma “indisposição” súbita para faltar. Uma cadeira vazia marcou sua ausência. Em Salvador, a cadeira vazia de ACM Neto (União Brasil), candidato ao governo, foi tema de pesados ataques.

Como ACM Neto, Zema não se vinculou até aqui a nenhum dos candidatos a presidente da República. Os dois esperam ser votados por petistas e bolsonaristas e dizem que voto não tem cor. Não são os únicos a procederem assim. No Rio, por exemplo, o governador Cláudio de Castro, do PL de Bolsonaro, corteja o eleitor de Lula.

Embora líderes disparados nas pesquisas de intenção de voto, com chances de se reeleger no primeiro turno, ACM Neto e Zema sentem-se ameaçados por nomes que contam com o apoio declarado de Lula – na Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), em Minas, Kalil. Daí não querer polarizar com nenhum.

Zema elegeu-se governador na onda bolsonarista de 2018. Bolsonaro fez tudo para repetir a parceria com ele, mas em vão; seu candidato em Minas está na rabeira das pesquisas. ACM, avô de Neto e pajé da Bahia por décadas, já apoiou Lula. Neto espera que Lula se lembre disso e que de alguma forma retribua.

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