Ex-ministro do GSI disse em comissão do legislativo distrital que informações produzidas pela agência ‘não condiziam com a verdade’
CLÁUDIO REIS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
General Gonçalves Dias, ex-GSI, é ouvido pela CPI do DF sobre os atos de 8 de Janeiro
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, nesta quinta-feira, 22, o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, afirmou que não recebeu nenhum relatório prévio da Abin informando sobre os riscos da manifestação do dia 8 de Janeiro. A declaração foi dada pelo general ao responder questionamento do presidente da comissão, deputado Chico Vigilante (PT). “O senhor foi informado da intenção de tomada do poder?”, perguntou Vigilante. “Nunca participei de nenhum grupo. Não mantive e-mail com nenhum grupo”, respondeu G. Dias. “A Abin não passou nenhum relatório. Eu não adulterei nem fraudei nenhum documento. Eu sempre falei no GSI que todo documento que passasse por lá tinha que ser a expressão da verdade. E aí nós temos dois casos que devem ser separados. A CCAE [Comissão de Atividades de Controle de Inteligência] solicitou ao GSI o que a Abin tinha produzido de informação. Isso passou para a Abin, que respondeu com um compilado de mensagens de aplicativo. Esse documento tinha lá: ‘Ministro do GSI’. Eu não participei de nenhum grupo de WhatsApp. Não sou o difusor daquele compilado de mensagens. Entao o documento não condizia com a verdade”, disse.
O ex-ministro é acusado de ter solicitado à Abin que omitisse mensagens enviadas a ele com alertas sobre os atos. “Eu não adulterei nem fraudei. Eu sempre falei no GSI que todo documento que passasse por lá tinha que ser a expressão da verdade”, declarou o general na CPI, ao responder se teria sido responsável pela adulteração dos documentos enviados ao Congresso Nacional. Gonçalves Dias foi também questionado sobre o registro de câmeras de segurança do Palácio do Planalto, no dia das manifestações, em que ele aparece ao lado de um dos seguranças do GSI que distribuiu águas aos manifestantes. O general negou que tenha dado a ordem para o funcionário. “Eu não mandei distribuir água”, disse. “Isso é uma narrativa que estava sendo criada. É uma falácia inadmissível dizer que eu estava ajudando.”