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O desespero costuma bater à porta do Palácio do Planalto e contra ele o inquilino da ocasião nada pode fazer.
Desta vez um desempregado ateou fogo ao próprio corpo alegando que agia assim por não ter sido recebido pelo presidente da República.
Informa a assessoria do presidente que o desempregado não protocolou nenhum pedido de audiência. Teria sido atendido caso pedisse? Seguramente que não.
Presidente da República é um cidadão ocupado demais. Se for conceder audiência a todo mundo que lhe pede…
De resto, a praça defronte ao Palácio do Planalto é acampamento usual dos mais variados e esquisitos gêneros de pessoas. Um desempregado já passou por ali puxando seu burro e quis deixá-lo amarrado em uma das colunas do Palácio.
Um cidadão atravessou a praça no volante de um ônibus que havia sequestrado e tentou entrar com o ônibus no palácio. Foi durante o governo Sarney.
Um ex-empregado de uma empreiteira mineira com obras no Iraque sequestrou um avião da Vasp entre Belo Horizonte e o Rio e tentou jogá-lo sobre o Palácio do Planalto. Também foi no governo Sarney. Queria protestar contra a inflação.
O avião quase caiu em Goiás com todos os seus passageiros. O sequestrador acabou morto. Se tivesse conseguido o que pretendeu, teria antecipado em muitos anos a ação que resultou no 11/9.
Governos são obrigados a combater desemprego, inflação e todas as mazelas que afligem o povo. Mas não podem ser culpados por atos individuais de insanidade.