A notícia da morte de um homem a tiros no Rio Vermelho durante a madrugada desta sexta-feira (20) deixou moradores do bairro assustados. O crime aconteceu próximo a um quiosque de tapioca no Largo de Santana, popularmente conhecido como Largo da Dinha e bastante movimentado noite adentro.
“Eu costumo frequentar aqui. Precisa ter mais segurança, porque certo horário, tarde da noite mesmo, eu via que não tinha muita segurança”, opinou o blogueiro Felipe Gomes, de 26 anos, que caminhava pelo local de manhã. “Tem que confiar somente em Deus, né?! Por isso, toda vez que eu saio de casa, peço a Deus pra me guardar”, revelou o jovem.
Apesar de ter o hábito de andar a pé pelas ruas, a professora Louise Tanajura, 41, nem sempre se sente segura. “Já fui assaltada na Rua da Fonte do Boi, com arma, e levaram meu celular”, contou ela. “Minha esposa já foi assaltada também, logo que a gente chegou aqui no Rio Vermelho, há cinco anos, na rua onde a gente mora, a Archibaldo Baleeiro”, relembrou.
Para a advogada Vanuza Borges, 51, que reside no Rio Vermelho há mais de 20 anos, o problema da insegurança pública é de abrangência estadual. “Na verdade, não é nem o Rio Vermelho. No nosso estado, a gente está num momento de insegurança absoluto. Eu me sinto extremamente vulnerável”, disse ela, que, assim como Louise e a esposa, já foi vítima de assalto no bairro. “Inclusive, em outros estados, eu me sinto mais segura”, desabafou.
No momento em que a reportagem esteve no Largo de Santana, o referido quiosque de tapioca estava fechado. Trabalhadores dos demais estabelecimentos que funcionam no entorno tinham receio de falar sobre o assunto. “Sinceramente, a gente aqui, eles [criminosos] nem mexem, então, não vou dizer que eu me sinto segura ou insegura”, falou uma funcionária de um depósito de bebidas, identificada apenas como Renata.
Quando questionado a respeito do mesmo tema, um homem que trabalha perto do largo há uma década logo se esquivou. “Aqui é barril, ‘véi’”, respondeu. Com medo, ele apenas afirmou: “Sei que a violência cresceu muito”.
Identidade da vítima ainda é desconhecida
A vítima do homicídio ainda não foi identificada pela polícia. O homem foi encaminhado para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos. Com ele, foi encontrada uma peixeira. Guias de perícia e remoção para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) foram expedidas.
O crime está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios (Atlântico). Diligências estão sendo realizadas, para identificar o responsável pelo assassinato. Pela manhã, agentes da Polícia Civil estiveram no Largo de Santana, onde também havia uma unidade móvel da Polícia Militar.
Outros casos
Em outubro do ano passado, o jovem Elber Santos da Conceição, 21 anos, e um amigo seu identificado somente como Gabriel foram executados num bar no Rio Vermelho, igualmente de madrugada.
Antes desse, de acordo com a polícia, o último homicídio no Rio Vermelho tinha acontecido havia dois anos, durante uma briga no Réveillon de 2020 para 2021, quando dois homens discutiram e um acabou esfaqueando o outro.
Ao longo de 2022, outras situações preocupantes foram registradas. Ainda em outubro, um traficante trocou tiros com policiais militares na Praia da Paciência. Na ocasião, ninguém se feriu e o suspeito acabou capturado.
Em julho, um homem foi preso após ter cometido um roubo no bairro armado com um facão. Um mês antes, um homem arrancou um portão de uma farmácia na Rua Fonte do Boi, rendeu funcionários e roubou o caixa do estabelecimento.
Em maio, um homem foi baleado logo de manhã, no Largo de Santana, próximo ao Acarajé de Dinha. O crime teria ocorrido depois de uma discussão entre a vítima e uma pessoa que estava com ele na mesa.
Foi solicitado à Polícia Civil um levantamento acerca das ocorrências registradas especificamente no Largo de Santana. A corporação, no entanto, informou que “o prazo para o envio da resposta é a partir de 72 horas úteis”.
Com informações de Wendel de Novais