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Influencer conta como é a rotina de um estudante de medicina do ProUni

Quando vai para a faculdade, Thassio Cristian se preocupa  em levar apenas a caneta bic que pegou do pai, além da chave de casa. A única canetinha azul que ele tinha, comprada para fazer o Enem de 2019, caiu pela janela do seu apartamento no Imbuí e desapareceu. Não leva caderno, tampouco livros. Para quê, se tem PDF? Cristian se encaixaria perfeitamente em algum curso de humanas, como jornalismo, por exemplo. Nada disso. Ele é estudante do sétimo período de medicina e se tornou celebridade nas redes sociais ao contar sua rotina numa faculdade particular de em Salvador.  Nada escapa do seu humor quase cirúrgico.

Natural de Itabaianinha, em Sergipe, Thassio já acumula mais de 42 mil seguidores no Instagram e 19 mil no Tik Tok. Não se engane com seu jeito despojado, pois suas notas são louváveis. Aos 17 anos, ele já tinha passado em química na federal de Sergipe. Contudo, seu sonho era mesmo a medicina. Com boas notas no Enem, conseguiu 100% de bolsa pelo Prouni e resolveu escolher uma instituição em Salvador. Ele ainda está decidindo em qual área vai se especializar, mas aproveita para fazer piada disso.

“Dizem que são 55 especialidades médicas, mas é mentira. Na verdade, são 56, pois ainda tem prefeitura de cidade do interior aí na conta, né? Ô povo que já gosta de ser prefeito… Médico gosta de três coisas: dipirona, benzetacil e prefeitura”, conta o sergipano quase baiano, que já se tornou um meio-médico na sua cidade natal.

“Minha mãe já tratou de ser minha diretora de marketing em Sergipe. Espalha para todo mundo na cidade que eu sou médico e influencer. Virei celebridade lá. Sem contar que estudante de medicina fica rico automaticamente, né? Vou ter que comprar um apartamento para mainha em Aracaju e colocar todo em porcelanato, uma loucura”, revela.

Nas redes sociais, Thassio (@thassiocr) conta como é a nada mole vida de um estudante de medicina na sua rotina diária, mas sem o romantismo que muita gente acha que existe neste curso. Nosso futuro médico entrou na faculdade no início de 2020, pouco antes de estourar a pandemia. Foi neste período que ele começou a perceber que de glamour não tem nada no curso. Isolado em casa e com aulas híbridas, resolveu fazer vídeos com suas percepções da faculdade, mas sem  postar. 

“Até que um dia percebi que os vídeos estavam ficando interessantes e não podia mais guardar todas aquelas verdades só para mim. Comecei apenas no TikTok. Tem até professor me seguindo, mas até agora todo mundo gostou. Pelo menos ainda não fui ‘cancelado’, né? Algumas coisas meus advogados aconselham não colocar [risos]”.

Identificação

No vídeo em que ele cita prefeitura do interior como uma especialização médica, foram mais de 145 mil visualizações, sem nenhum impulsionamento financeiro. Só a tradicional cara de pau de um estudante universitário brasileiro. “Juro, na minha cidade só 2 prefeitos não foram médicos, até hoje”, comentou a seguidora Clara Pinheiro, também estudante de medicina. 
O melhor de tudo é que ele dá dicas sobre a postura dos universitários da área de saúde. Para ele, o brasileiro acha que todo estudante de medicina, ao entrar na faculdade, vira médico. Ou quase isso.

“É impressionante: entrou na faculdade, virou doutor. Uma vez chegaram pra mim e perguntaram o que faz crescer pêlo na perna. A pessoa começa a cumprir uma função que é adjunta ao SUS. Bom mesmo é quando chega o parente com aquele exame de imagem. O pobre do estudante ainda está nos primeiros períodos e não sabe se ali é um joelho ou uma cabeça”, revela Thassio, mostrando o que fazer nestes casos. 

“O importante é manter a postura. Pega o exame de imagem, coloca contra a luz e olha. Não sabe porra nenhuma, mas faz pose. Depois, disfarça e olha o laudo e tem escrito lá: ‘sem alterações anatômicas’. Você disfarça, entrega e diz que está tudo normal. Não fez nada, a pessoa poderia ter olhado ali, mas você manteve a pose”. 

Aos 21 anos, o garoto tímido do interior de Sergipe ganhou régua e compasso em Salvador. Para ele, a capital baiana faz parte desta transformação dele e garante que está bem acolhido por todos, incluindo seus colegas da faculdade. Toda sua desenvoltura nas redes sociais também será utilizada para sua profissão. 

“O médico precisa se comunicar com seu paciente. Muitas vezes é um excelente profissional, mas não sabe interagir com quem precisa de seu conhecimento. O profissional de medicina precisa saber que ele é humano também e trabalha com pessoas. É preciso saber se comunicar, entender o que o paciente quer falar. E acho que tudo isto nas redes sociais vai me deixar mais próximo disso e criando um jeito de lidar com a profissão com mais leveza”, completa Thassio Cristian. 
 

Fala, Thassio!

“Para um estudante de medicina se passar por médico não precisa de muita coisa: Você só precisa aprender a falar anamnese, glicemia e patognomônico. Pronto, faz uma pose e acabou”.  Thassio faz uma brincadeira sobre a fama de estudante de medicina ser visto como médico.
 

“O estudante de medicina vai se encontrar de um jeito ou de outro. Se não gosta de sangue, é só não fazer cirurgia. Não gosta de trabalhar?  Anestesista. Não gosta de gente? Patologista. Gosta de passar raiva e falar tudo no diminutivo? Seja pediatra. Gosta de fofoca e quer receber aquela sua feira pronta? Saúde de família”. Ele decidiu não falar sobre ginecologia e urologia…

“O mediciner  tem que acabar. Você vai para uma aula prática, é um inferno. É preciso três tempos: explicação do professor, parte prática e sessão de fotos”, Mediciner são estudantes de medicina influenciadores digitais.
 
 

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