A tecnologia digital transformou completamente nosso cotidiano, e substituiu uma série de atividades: documentos passaram a ser armazenados e até assinados no computador, nos comunicamos por mensagens no WhatsApp ao invés de cartas, acessamos bancos digitais e fazemos pagamentos via Pix, e claro, as indústrias do setor de entretenimento não ficaram de fora, com aplicativos de streaming de música e “locadoras digitais” como a Netflix dominando o mercado.
Isso não quer dizer, no entanto, que todas as tecnologias anteriores tenham se tornado esquecidas pelos consumidores, já que dados apontam que a televisão ainda é consumida por milhões de brasileiros diariamente. O protocolo IPTV, portanto, pretendia ser a união entre o novo mundo da internet e a televisão tradicional, e muitas pessoas já dependem inteiramente desse serviço para assistir aos seus canais, inclusive contando com o serviço para assistir a eventos como a Copa do Mundo de 2022 ao vivo. Agora após o recente anúncio da Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações, essa realidade está com os dias contados. Confira.
O que é IPTV?
O IPTV é a sigla em inglês para “Protocolo de Televisão Através da Internet” e como o nome sugere, é uma forma de assistir ao sinal de TV utilizando uma conexão de rede ao invés de uma antena ou receptor de TV à cabo. O conceito é parecido com o streaming, que permite transmitir vídeos pela internet e já superou, em números, a televisão tradicional, até mesmo para assistir ao esporte ao vivo, como indica a ExpressVPN. No entanto, a diferença fundamental é que o IPTV converte em tempo real os sinais de televisão tradicional para envio via internet, ou seja, é um método para retransmitir o sinal de uma antena de TV.
Existem muitas formas de acessar ao conteúdo IPTV, desde aplicativos para celulares e televisões inteligentes até programas completos para computador com recursos avançados como gravação de programas. No entanto, a modalidade de IPTV mais comum no Brasil é o mercado paralelo de TV boxes, pequenos aparelhos que se conectam na televisão e na rede Wi-Fi e oferecem IPTV diretamente ao consumidor. Esses aparelhos podem ser encontrados em lojas on-line, bancas de jornal, lojas de variedades, e até pequenas lojas de eletrônica, e prometem acesso irrestrito aos canais de televisão. E é aí que mora o problema, uma vez que a retransmissão do sinal dos canais (inclusive de pay per view) sem autorização do detentor dos direitos autorais é crime de pirataria. Além disso, análises de segurança de diversas TV boxes encontradas no mercado apresentam dados alarmantes, já que muitos desses aparelhos possuem software que busca roubar dados dos usuários como senhas e cartões de crédito.
Proibição de IPTV graças à pirataria
O protocolo de IPTV por si só não é ilegal ou perigoso – se tratando apenas da conversão de sinais de TV para sinais digitais, seria possível criar uma emissora completamente digital ou, então, sinal oficial de uma emissora tradicional. No entanto, a gigantesca maioria das aplicações dessa tecnologia consistem em pirataria, com o objetivo de disponibilizar canais de grandes operadoras de forma gratuita.
Muitas empresas e indivíduos oferecem pacotes de IPTV com pagamentos mensais, ou atrelados à compra de uma TV box, gerando lucro através de sinais pirateados e sem autorização dos detentores dos direitos de transmissão. Além disso, por se tratar de um serviço não oficial, é comum que o consumidor pague e após algum tempo tenha o sinal cortado, perdendo o dinheiro.
Para acabar com essa possibilidade, a Anatel anunciou um novo conjunto de normas que, a partir de 2023, permitirá que a agência em parceria com operadoras de internet bloqueie de forma imediata o endereço IP e registro DNS de serviços de IPTV. Isso significa que sem precisar de ações judiciais, a agência poderá cortar imediatamente o sinal ao identificar uma plataforma de IPTV, e se necessário, identificar os usuários conectados ao serviço. Isso significa que mesmo que novos sites de IPTV possam aparecer, seu bloqueio poderá ser rápido e usuários recorrentes poderão ser multados.
Assim, é recomendável que usuários que desejam assistir eventos como a Copa ou canais de TV ao vivo através do celular ou computador busquem alternativas oficiais e legalizadas para isso. Alguns exemplos incluem:
- Globoplay: plataforma de streaming da emissora Globo que conta com exibição ao vivo de canais da rede e transmissão de eventos esportivos, além de catálogo de filmes e séries gravados.
- Claro TV+: pacote de assinatura da operadora Claro que oferece os mesmos canais de sua televisão à cabo através da internet.
- Pluto TV: aplicativo de televisão via internet onde emissoras oficialmente cadastram suas transmissões, incluindo canais como MTV.
Embora a pirataria através do IPTV seja ilegal, o conceito de assistir TV pela internet é prático, acessível e completamente legalizado, e é a alternativa ideal para quem quer acabar com as dores de cabeça da TV tradicional.
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