São Paulo — A advogada Dayanne Bezerra, irmã da influenciadora Deolane Bezerra, move uma ação contra o banco Itaú após ser abordada por seguranças da instituição financeira, em 24 de novembro do ano passado, quando foi em uma agência tentar sacar R$ 2 milhões em espécie.
A solicitação para que a quantia milionária fosse liberada ligou o alerta das autoridades e fez com que a Dayanne fosse incluída em investigação sobre lavagem de dinheiro do jogo do bicho, que resultou na prisão de Deolane e da mãe delas, Solange Alves Bezerra Santos.
Na ação que move contra o Itaú, de produção antecipada de provas, Dayanne argumenta que uma equipe de segurança privada exigiu “ostensivamente” para que ela explicasse como havia conseguido a quantia milionária, “acusando-a” por crimes como “lavagem de dinheiro” e por envolvimento com o “crime organizado”, “sem apresentar formalmente qualquer justificativa”.
Na ação, ela solicita as imagens de câmeras de monitoramento da agência, que registraram a abordagem da equipe de seguranças. O Itaú colaborou enviando os registros. Eles, porém, não vieram com áudio.
Os advogados de defesa da instituição bancária explicam, em um documento anexado ao processo, que isso resulta de “uma questão de sigilo bancário de seus clientes”.
“As câmeras internas da agência bancária do Itaú não gravam áudio, motivo pelo qual as imagens entregues estão desacompanhadas de som ambiente.”
Na mais recente atualização do processo, ocorrida em 7 de outubro, Dayanne afirma pretender dar continuidade à ação, exigindo acesso aos áudios.
Mensagens de “zap”
No processo contra o banco há reproduções das mensagens de WhatsApp enviadas por Dayanne a um gerente do Itaú solicitando o acesso aos R$ 2 milhões em dinheiro vivo (veja galeria acima).
“[Preciso do dinheiro] para quinta ou sexta. Veja quando você consegue. Estou comprando um ap [apartamento] na Anália Franco, uma cobertura, o cara quer em espécie”, explica Dayanne, referindo-se ao Jardim Anália Franco, bairro nobre da capital paulista.
Renda incompatível
Em inquérito da Polícia Civil obtido pelo Metrópoles, a movimentação solicitada era “incompatível com a renda” de Dayanne.
Além disso, relatório do Coaf destaca que o CPF e o nome do suposto vendedor do apartamento de luxo, indicado por Dayanne ao Itaú, não conta com nenhum imóvel registrado em São Paulo.
“Chama atenção a movimentação a crédito apresentada, não sendo possível atestar que a origem dos recursos [na conta de Dayanne] seja proveniente da atividade comercial” destaca a autoridade financeira.
Como revelado pelo Metrópoles, com exceção da filha de 8 anos, todo o núcleo familiar da advogada e influenciadora Deolane Bezerra é apontado pela polícia como participante de um esquema usado para lavar dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas ilegais.
A defesa de Dayanne não foi localizada para comentar sobre a tentativa de saque. O espaço segue aberto para manifestações.