O vereador Niltinho Maturino (PRD) promete dar dor de cabeça ao prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), na aprovação de projetos de interesse da prefeitura na Câmara Municipal. Eleito presidente da Casa, Niltinho compõe a base de oposição ao petista, o que pode ser um empecilho à gestão. Contudo, além da “surpresa” em se eleger na liderança do legislativo de Camaçari, outro fator chama a atenção em Niltinho, o seu sobrenome.
Não associou? Segundo informações obtidas pelo Bahia Notícias, o vereador e presidente da Câmara do município é irmão do quase-cônsul da Guiné-Bissau, Adaílton Maturino, que foi citado no âmbito das operações Faroeste, por comandar grilagem e venda de sentenças, e Immobilis, por articular fraudes em processos no estado.
Na Faroeste, Adaílton é acusado de pagar propina a desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) para obter a posse de terras no estado. Além dele, a sua esposa, Geciane Souza Maturino, também chegou a ser presa por estar envolvida no esquema criminoso.
Em junho de 2021, o TJ-BA decretou a prisão preventiva de Adaílton. Em outubro do mesmo ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogou a prisão, mas o quase-cônsul permaneceu em cárcere por conta de sua reclusão expedida no âmbito da Operação Immobilis. Em março de 2022, o casal conseguiu de fato sua liberdade após o STJ revogar também o decreto sobre a segunda operação.
Sobre a Immobilis, deflagrada em 2016, Adaílton e sua esposa foram acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de fraudar ações de transferência de imóveis, “numa deflagração em cascata e com o surgimento de fortes evidências que apontam possível subserviência do sistema de defesa social ao crime”.
A última notícia sobre o casal Maturino, publicada neste ano pelo GP1, do Piauí informava que os dois estavam morando em um condomínio de luxo em Brasília, o Golden Tulip Alvorada Brasilia.
Veja:
Pátio do Golden Tuilp Alvorada | Foto: Divulgação
A ARTICULAÇÃO EM CAMAÇARI
A eleição de Niltinho à frente da Câmara de Camaçari foi coordenada por uma articulação do ex-prefeito Elinaldo Araújo (União), que teve seu sucessor, Flávio Matos (União), derrotado nas urnas nas eleições de 2024.
De acordo com informações obtidas pelo Bahia Notícias, o ex-gestor conseguiu manter sua base no legislativo municipal, evitando que o candidato de Caetano, Tagner Cerqueira (PT) tivesse êxito na disputa pela presidência da Câmara de Camaçari. A derrota petista foi “no detalhe”, com 12 votos para Niltinho a 11 para o edil da base do novo prefeito.
Naturalmente os prefeitos eleitos de Camaçari conseguem se articular para eleger um presidente da Câmara de sua própria base, sendo a primeira vez que o candidato do chefe do Executivo não vence a disputa. A derrota foi vista com surpresa por aliados de Caetano, visto que o prefeito é considerado um “ótimo articulador”, chegando a ser secretário estadual de Relações Institucionais (Serin) do governo Jerônimo Rodrigues (PT).