Juarez Paraíso (foto) está sendo homenageado com um resumo de sua obra, As Poéticas Visuais de Juarez Paraíso, no Palacete das Artes, Rua da Graça, até 5 de março de 2023. O evento comemora os 145 anos de Escola de Belas artes da Ufba. Não poderia ser outra escolha, já que Paraíso dedicou quase toda sua vida artística à escola. Desenhista, pintor, gravador, escultor, muralista, cenógrafo, ilustrador, crítico de arte da ABCA, ativista, agitador cultural, curador, diretor e professor catedrático da Escola de Belas Artes. Um artista completo e um intelectual de grande conhecimento.
A curadoria do evento coube a Dilson Midlej, Luis Alberto Freire e Nanci Novais, muito cuidadosos com a escolha do material exposto.
Juarez Paraíso faz parte da Geração de 60, que muito contribuiu com as artes visuais da Bahia. Nesta década, inaugurou-se a Iº Bienal da Bahia no Convento do Carmo e teve atuação decisiva de Juarez Paraíso e Riolan Coutinho. A IIº Bienal no Convento da Lapa foi fechada pela censura do regime militar, num ato injusto e truculento. Seu trabalho ambiental para o Cine Tupy, em 1968, com esculturas, relevos e pinturas foi sua obra maior, sua Capela Sistina, infelizmente, destruída nas constantes reformas do cinema.
Juarez é um artista único, desde o seu nascimento em Arapiranga, Bahia, até os dias atuais, atravessou o tempo em constantes invenções, num trabalho intenso deixando sua marca pela cidade, nos processos do atelier, nas mais diversas técnicas, suportes e temas. Um prodígio. Uma obra diversificada. Juarez Paraíso realizou sem dúvida, as mais belas decorações de Carnaval da Bahia, que se tornou uma grande vitrina de culturas. O povo imerso em arte, e as raízes afrodescendentes se aprofundaram na cidade, dando-se uma “reafricanização” da Bahia, de forma progressiva e natural. Participou de muitos carnavais, sempre coerente com seu pensamento político e plástico visual. Assim ,Salvador vestiu muitas vezes sua mais nobre fantasia: a arte de Juarez Paraíso.
Inquieto e próspero, criou o Projeto Nordeste de Artes Plásticas, planejado em 1987, que reuniu doze artistas plásticos para, juntos, percorrerem os estados nordestinos com objetivos de produzir intercâmbio artístico–cultural. Juarez Paraíso pertence a Associação Brasileira de Críticos de Arte e como crítico escreveu sobre vários artistas brasileiros. Ainda teve coluna fixa no jornal A Tarde, onde escrevia sobre arte e artistas. E foi justíssima sua convocação para a Academia de Letras da Bahia, onde surpreenderá seus colegas acadêmicos com suas ideias e conceitos tão inspirados e originais.