São Paulo — A convenção que lançou oficialmente a candidatura de Guilherme Boulos (PSol) à Prefeitura de São Paulo, na tarde deste sábado (20/7), foi nacionalizada não só pela presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como no tom dos discursos que colocaram a vitória na capital paulista como relevante no combate ao bolsonarismo no país.
“Companheiro Boulos, quero que fique tranquilo que estarei com você a todo momento. Quero que os seus adversários saibam, quero que os eleitores saibam que você é o meu candidato em São Paulo”, declarou Lula ao erguer as mãos de Boulos para o alto.
“Nunca mais a extrema direita, os fascistas, os nazistas, os negacionistas, os mentirosos vão voltar a comandar este país ou esta cidade”, disse Lula.
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Lula olha em direção a Fernando Haddad, Luiza Erundida, Guilherme Boulos e Marta Suplicy
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Marta Suplicy (PT), confirmada como candidata a vice-prefeita
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Ministra do Meio Ambiente Marina Silva
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Boneco de bolo em convenção do PSol
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Lula entrou no palco junto de Boulos e da vice dele, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), e de outros dois ex-prefeitos da cidade: o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e a deputada federal Luiza Erundina (PSol).
A campanha tem apresentado a candidatura de Boulos como uma continuidade das gestões de Haddad, Marta e Erundina na cidade. Durante o evento, um vídeo ressaltando feitos das três gestões progressistas foi apresentado ao público dizendo que elas “se unem em torno de um nome só: o nome de Guilherme Boulos”.
Todos eles discursaram, assim como os presidentes dos oito partidos que compõem a coligação da chapa, endossando a importância da cidade de São Paulo em nível nacional.
“Você não é só candidato que o Lula e os partidos vão apoiar. Você é a única possibilidade, nestas eleições, de a gente devolver a decência, a inteligência, o amor ao povo de São Paulo”, disse o presidente.
Lula disse ter “tanta fé e certeza” da vitória de Boulos e Marta quanto teria se fosse ele próprio o candidato e criticou, sem citar nomes, a gestão de Ricardo Nunes (MDB) na cidade. O petista alfinetou a escolha do Coronel Mello Araújo (PL), como vice dele — uma indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — ao chamá-lo de “ditador do Ceagesp”, em referência ao período no qual o ex-PM comandou o órgão.
“Estamos com a maior frente progressista da história de São Paulo”, disse Boulos.
Lula agradeceu ao deputado federal Rui Falcão por se licenciar de seu mandato na Câmara para entrar na campanha de Boulos. Foi Falcão (PT-SP) um dos principais interlocutores para levar Marta à chapa.
Aliança de Boulos O psolista agradeceu a presença de diversos ministros do governo Lula, de deputados federais e estaduais, lideranças comunitárias e candidatos a vereador de todos os partidos.
Ele também ironizou críticas de adversários sobre a escolha de Marta para ser sua vice e brincou que os dois estão mais afinados que “Chitãozinho e Xororó”. “Se quiser, a gente até canta nesse palco”, disse.
Marta, em seu discurso, disse que a campanha representa tudo o que as gestões dela, de Haddad e de Erundina fizeram pela cidade. Ela também aproveitou e brincou com o trocadilho feito com Boulos e a palavra “bolo”.
“Esse Boulos aqui é feito de uma receita que eu gosto. Ele tem conhecimento e inteligência”, afirmou.
Ainda, Marta fez um lembrete a Lula de que o petista prometeu atuar na campanha. “Presidente, combinado, né? Não vai ter tempo ruim com a gente aqui não”, disse.
Já Lula deu um recado aos oito partidos da coligação: “Não é o Boulos que é o candidato. São todos vocês que são candidatos. É assim que tem que tratar a campanha”.
Presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann disse que a eleição “não é importante só para São Paulo, é importante para o Brasil”.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e presidente da Rede, acrescentou que a aliança em torno da chapa “é uma síntese política da história do campo progressista”.
Erundina reencontra Marta Foi o primeiro evento público do qual Erundina participou ao lado de Marta. A psolista havia sido contrária à entrada de Marta na chapa após anos de rusgas e ainda mantinha críticas à petista por ter votado a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
“Sinto cheiro de vitória. Já fiz muitas campanhas na minha vida e tenho uma intuição feminina que antecipa aquilo que vai acontecer num processo político como esse. E não tenho a menor dúvida de que dessa vez vai dar Boulos e Marta na Prefeitura de São Paulo”, afirmou Erundina.
Ela também acrescentou que Boulos encontrará um “legado” deixado pelas outras gestões progressistas.
“Vamos eleger de novo uma chapa de companheira e companheiro que vão governar com o povo e vão fazer inversão de prioridades para reduzir as desigualdades”, disse ela.
Haddad, em seu discurso, enalteceu que a eleição em São Paulo é “uma tarefa de todos”. “O Brasil inteiro vai estar olhando para a sua cidade e também para São Paulo”, disse. “A disputa aqui diz muito do que o brasileiro quer para o seu país”, acrescentou.
Ele também colocou a campanha como uma continuidade de gestões anteriores de esquerda. “Boulos representa um resgate aqui na história de São Paulo”, afirmou.
Recado de Haddad O ministro da Fazenda observou que, em 2022, a vitória de Lula sobre Bolsonaro foi após uma disputa “muito apertada” e deu um recado após ter sido alvo de memes nas redes pela adoção de taxações.
“Lula voltou pela terceira vez para botar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”, afirmou.