Representantes do governo dos Estados Unidos reuniram-se, nesta segunda-feira (5/12), em Brasília, com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e parte da equipe de transição. O encontro, que começou por volta das 11h, dá prosseguimento ao primeiro diálogo entre os dois países após o resultado das eleições brasileiras.
Do lado da Casa Branca, participaram do evento o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan; e Juan González, assessor especial do Conselho de Segurança para a América Latina. Acompanhando Lula, estavam o ex-chanceler Celso Amorim, Fernando Haddad, cotado para o Ministério da Fazenda, e o senador Jaques Wagner (PT-BA).
Segundo Amorim, foram colocados em pauta na reunião, que durou cerca de duas horas, temas ligados ao meio ambiente, em especial, a importância de medidas contra as mudanças climáticas. Assim como o estabelecimento de uma nova governança mundial — com uma reformulação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e o papel do G20.
A última Cúpula do G20, grupo que reúne lideranças das 20 maiores economias do mundo, realizada em novembro, em Bali, na Indonésia, foi usada como pano de fundo no encontro desta segunda-feira para discussões sobre o protagonismo brasileiro em termos de política externa tanto de forma global quanto no âmbito da América Latina.
“Lula disse que quer uma nova governança mundial, inclusive o Conselho de Segurança [da ONU], e o Sullivan disse que, na última assembleia-geral, Biden já tinha mencionado a necessidade de uma mudança sobre o número de membros. Falou-se muito sobre o G20 como instrumento de governança internacional, e o presidente [Lula] lembrou a importância dele para a economia mundial”, relatou o ex-chanceler.
O Brasil sediará a Cúpula anual do G20 em 2024. Esta será a primeira vez que o país assumirá o papel de anfitrião para a cúpula de líderes desde a criação do grupo, em 1999.
América Latina Dentro do continente americano, a questão da Venezuela permeou as discussões, com um acordo entre os dois países sobre a necessidade de encontrar uma solução para a questão do país. Lula recordou as ações dos EUA anteriormente e a necessidade de cooperação entre os dois países, e lembrou da experiência do passado, quando havia um canal de diálogo entre as nações.
O próximo presidente brasileiro também anunciou que “pretende fazer uma reunião, logo nos primeiros meses de governo, com os membros da Unasul e com os presidentes de países Amazônicos”, completou Amorim. A lista de nações que têm território amazônico inclui: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Visita aos EUA Amorim frisou que o principal objetivo da visita norte-americana foi formalizar o convite de Biden para que Lula viaje a Washington, antes mesmo da posse, com o objetivo de fortalecer as relações bilaterais entre os países. O ex-chanceler explicou que, apesar de lisonjeado, o próximo mandatário brasileiro informou que só deverá fazer a visita em janeiro, “porque tem providênicas a tomar internamente”.
Conforme adiantado pelo colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, Lula pretende viajar aos Estados Unidos depois de 15 de dezembro. A condição tem um motivo: nesse dia, o petista participará pelo 19º ano seguido do tradicional Natal dos Catadores, em São Paulo.
No início de novembro, Sullivan informou que Biden pretende encontrar Lula pessoalmente para “expressar um compromisso real e motivação para proteger a Amazônia e falar sobre uma variedade de suportes que podemos dar, não apenas técnicos, mas também financeiros”.
Reunião com equipe de Bolsonaro Após a visita ao hotel de Lula, a equipe do governo norte-americano se reúne com o almirante Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos do governo brasileiro, às 14h30. Rocha é um dos nomes de confiança do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A comitiva norte-americana também é integrada por Ricardo Zúñiga, vice-secretario principal do estado para assuntos do hemisfério ocidental; e pelo encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Douglas Koneff.
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