Cerca de 10 dias depois de ter colocado em dúvida a capacidade do governo de cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024, como determina o novo Marco Fiscal aprovado pelo Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi novamente questionado sobre o assunto.
Neste domingo (5/11), ao visitar a sede do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em Brasília, no primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Lula foi indagado por repórteres se o governo mudaria a meta fiscal. E saiu pela tangente.
“(Sobre) A meta fiscal, você me pergunta segunda-feira. Hoje é dia de Enem”, desconversou o presidente da República.
Desde que afirmou que o governo, provavelmente, não zeraria o déficit no ano que vem, Lula se tornou alvo de críticas do mercado, que interpretou as declarações como uma indicação de que o Executivo pretende alterar a meta defendida pela equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Integrantes do próprio governo e do PT defendem que a meta seja alterada, abrindo espaço para um déficit de 0,5% a 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024.
Haddad, por sua vez, espera que o governo não faça mudanças pelo menos até março do ano que vem, quando sai o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias. A partir daí, o governo saberá se terá receita suficiente para cobrir as despesas previstas.
Em café da manhã com jornalistas, no fim de outubro, Lula admitiu que “dificilmente” o seu governo cumprirá a meta de déficit zero no ano que vem.
“Tudo que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai fazer. O que posso dizer é que ela não precisa ser zero. A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras que são prioritárias neste país”, disse o presidente, na ocasião.
Neste domingo, ao falar sobre a prova do Enem, Lula brincou com os jornalistas e disse que, no futuro, poderia participar da prova para ter mais chances de entrar em uma faculdade de Economia, “um curso de gente muito sabida”.