Presidente afirmou que não deu certo a relação do general Júlio César de Arruda, demitido do cargo no último sábado, com o atual governo federal; Tomás Miguel Ribeiro Paiva passa a ocupar o posto
MATEUS BONOMI/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO – 19/01/2023
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva participa de reunião com reitores federais no dia 19 de janeiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou um pronunciamento nesta segunda-feira, 23, durante viagem à Argentina e falou sobre a troca no comando do Exército brasileiro – ocorrida no último sábado, 21, quando o general Júlio César de Arruda foi demitido com menos de um mês após assumir o cargo. Em sua fala, o chefe do Executivo ressaltou que havia escolhido o comandante da Força, mas que sua decisão não deu certo. “Eu tirei e escolhi outro [comandante]. Tive uma boa conversa com o comandante [Tomás Ribeiro Miguel Paiva] e ele pensa exatamente com tudo o que eu tenho falado com a questão das Forças Armadas. As Forças não servem a um político, ela não existe para servir a um político”, disse o presidente após pontuar que as funções dos militares é garantira soberania brasileira contra possíveis inimigos externos. Júlio César de Arruda assumiu o cargo de comando do Exército no dia 30 de dezembro, de maneira interina, ainda nos últimos dias do governo Bolsonaro após um acerto junto à equipe de transição de Lula. No dia 6 de janeiro, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro confirmou que Arruda permaneceria no cargo. Dois dias após a confirmação, manifestantes invadiram e depredaram a sede dos Três Poderes – Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Com isso, o presidente Lula passou a destacar sua falta de confiança com o agora ex-comandante do Exército.
No último sábado, 21, o ministro da Defesa participou de uma reunião com o presidente Lula e confirmou a troca no comando da Força. Aos jornalistas, Múcio confessou que a troca acontecera devido aos acontecimentos em Brasília no dia 8 de janeiro, que causaram uma “fratura no nível de confiança” entre o governo federal e a instituição. “Nós achávamos que nós precisávamos estancar isso logo de início até pra que nós pudéssemos superar esse episódio”, completou o chefe da pasta após ressaltar as tentativas do governo federal numa aproximação entre o Palácio do Planalto e as Forças Armadas. Em seguida, Lula oficializou em suas redes sociais a troca: “Hoje, junto com o ministro da Defesa, José Múcio, conversei com o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, o novo comandante do Exército. Desejo um bom trabalho ao general”. A citação do suposto alinhamento do novo general com o governo federal refere-se aos posicionamentos recentes de Tomás Paiva enquanto comandante militar do Sudeste. No último dia 18 de janeiro, o militar discursou à sua tropa e conclamou respeito das Forças Armadas ao resultado eleitoral. “Ser militar é ser profissional, respeitar a hierarquia e a disciplina. É ser coeso, íntegro, ter espírito de corpo e defender a pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito. Também é o regime do povo. Alternância de poder. É o voto, e quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É essa a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta, nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel da instituição de Estado, da instituição que respeita os valores da pátria. Somos Estado”, declarou.