O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 23, que o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e assassinar autoridades e políticos, dentre eles o senador Sergio Moro (União-PR), é uma “armação” do ex-juiz. Para o mandatário, está “visível” que o caso é falso. As ameaças contra Moro e outras autoridades foram investigadas pela Polícia Federal e basearam a Operação Sequaz, realizada na quarta, 22, que terminou com a prisão de 12 pessoas. “É visível que é uma armação do Moro. Mas vou pesquisas e saber da sentença. Fiquei sabendo que a juíza nem estava em atividade quando deu o parecer para ele. (…) Não vou atacar ninguém sem ter provas. Se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo”, disse o Presidente da República, em conversa com jornalistas no Rio. “Mas também o Moro não é a minha preocupação”, acrescentou.
A fala de Lula acontece um dia depois da Polícia Federal desarticular o plano da facção criminosa contra as autoridades. Como a Jovem Pan mostrou, relatórios de inteligência produzidos pelo Gaeco do Ministério Público de São Paulo e a PF apontam que o planejamento do PCC foi elaborado no ano passado e poderia servir à libertação de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. O objetivo, segundo investigadores, seria usar Moro e familiares como moeda de troca — a organização criminosa já teve ao menos três planos de fuga desbaratados pela polícia nos últimos dois anos. O sequestro de autoridades para fins de libertação de lideranças criminosas foi uma prática muito usada pela guerrilha colombiana Farc, parceira de facções brasileiras no tráfico de drogas e armas.
Nesta quarta, em entrevista exclusiva ao programa Os Pingos Nos Is, Sergio Moro ressaltou o cunho político do possível atentado e defendeu um esforço suprapartidário contra o crime organizado, cogitando a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. “O que nós precisamos fazer é combater o crime organizado. Nunca ouvi falar de um plano para matar um senador. Isso é muito grave, não porque me envolve, mas por alcançar esse grau de ousadia (…). É de se avaliar sim, se, de repente, não seria oportuno uma comissão parlamentar para se apurar mais profundamente”, disse. Em discurso no plenário do Senado, o parlamentar lamentou as declarações anteriores de Lula, de que pensava em se vingar dele e afirmou que as falas colocam ele e sua família em risco. “Porque incentiva o comportamento de mentes influenciáveis e que podem nos colocar em uma situação vulnerável”, acrescentou.