Presidente Lula reclamou da distância que o político gaúcho mantém do governo federal no processo de reconstrução do Estado depois da destruição causada pelas enchentes e elencou suporte dado ao RS
Ricardo Stuckert/PR
Lula e Leite durante cerimônia de inauguração do Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição em Porto Alegre
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu cobranças e críticas feitas pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ao governo federal. O petista disse não disputar com o tucano e que irá conversar com o chefe do Executivo estadual para mostrar o apoio já dado pelo governo federal ao Estado. “Eu duvido que, na história da República brasileira, houve um governo, além de Lula e Dilma Rousseff, que cuidou do Rio Grande do Sul como nós cuidamos daqui”, disse Lula, durante anúncio da aceleração das obras do Minha Casa, Minha Vida, no Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira (16). “Eduardo, toda vez que você olhar para o governo federal, saiba que você tem um amigo. Eu não disputo com você. Eu não disputo popularidade com você. Eu não sou gestor, sou político”, comentou.
“Nunca tive nenhum problema com nenhum governador. Trato todos com muito respeito, com muita delicadeza.” Desde o início do dia, Lula e Leite trocam indiretas. Na manhã desta sexta, o presidente reclamou da distância que o governador mantém do governo federal no processo de reconstrução do Estado depois da destruição causada pelas enchentes. A fala ocorreu em entrevista à Rádio Gaúcha. O petista disse que Leite “nunca está contente”. Após isso, Lula e Leite chegaram juntos ao evento desta tarde. No início da cerimônia, o governador foi alvo de vaias, o que fez o petista quebrar o protocolo e defendê-lo das críticas, pedindo respeito do público local.
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Apesar da defesa, o governador aproveitou o espaço de seu discurso, durante a cerimônia, para rebater a reclamação de Lula feita mais cedo. “Eduardo, se o outro presidente da República trazia claque para te vaiar, quem está aqui são trabalhadores”, respondeu Lula. “Estou com uma relação com muitos números aqui e não vou utilizar, porque isso vai ser resultado de uma conversa minha com o governador em algum momento”, comentou.
Durante sua fala, Lula elencou alguns episódios que o governo federal já deu suporte ao Rio Grande do Sul. Segundo o presidente, a gestão federal está dando suporte à população gaúcha não só por causa das enchentes. “Quando teve seca nesse Estado em 2023, o governo federal esteve aqui com seis ministros e duvido que, em algum momento antes, algum governo federal tivesse dado atenção para combater a seca nesse Estado.”
O chefe do Executivo federal também rebateu a fala de Leite de que alguns benefícios e promessas de suporte da gestão ainda não chegaram à ponta. “Se eu pudesse, já tinha feito todas as casas, mas não é assim que acontece, a gente não inventa casa. Já mandei olhar casa da China, da Suécia, porque quero encontrar um jeito de fazer a maior quantidade possível”, comentou.
Lula prometeu que o governo irá cuidar do Estado, mas fez ponderações. A primeira é a de que, além do Rio Grande do Sul, a gestão também precisa cuidar de mais 26 entes da federação. Outra ponderação foi sobre as enchentes. “É verdade que choveu, mas é verdade que a cheia que deu não foi por causa da chuva, mas porque não tinham cuidado das bombas”, acusou. “Nós não estamos procurando culpados, nosso papel é ajudar.”
O presidente também respondeu sobre a economia do Estado. “Contra sua tese, de que ia cair o ICMS desse Estado, você teve uma surpresa esse mês com o crescimento do ICMS que ninguém esperava que ia acontecer”, comentou. Diante da divergência entre os governos federal e estadual, Lula pediu para que o ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, divulgue todas as ações que a gestão fez de suporte ao Estado.
Na esteira das críticas que a gestão federal vem sofrendo, o presidente também comentou as do agronegócio. “Duvido que agro mostre que em algum momento alguém trata eles com a decência que eu e a Dilma tratamos”, afirmou. “Nunca pedimos um favor e não vou pedir. Eles que falem o que quiserem, façam o que quiserem. Eu vou ajudar porque a agricultura é importante para o Brasil.”
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira