Ministro rechaçou a possibilidade do governo federal leiloar as administrações portuárias; chefe da pasta considerou que concessão à iniciativa privada do setor ‘deu muito errado’ em outros países’
Sérgio Francês/Flickr/Ministério dos Portos e Aeroportos
Reunião do Ministro Márcio França com representantes da ANAC e prefeitura de São Gonçalo do Amarante
O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), participou de uma visita ao Porto do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 5, e, após ser questionado, rechaçou qualquer possibilidade de privatização do Porto de Santos. “Está fora de cogitação”, disse o chefe da pasta. “O assunto da privatização de autoridades portuárias só foi feito em dois pequenos países e deu muito errado”, completou. Segundo o chefe da pasta, o governo federal não irá continuar com o programa de privatizações de administrações portuárias – iniciada na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na última gestão, o ex-mandatário privatizou o Porto de Vitória e via com bons olhos a concessão à iniciativa privada do Porto de Santos. Para França, no entanto, a possibilidade tenha sido um “certo devaneio”. O ex-governador de São Paulo ressaltou que os portos possuem uma importância estratégica no mercado exterior e que, por isso, devem ser geridos pelo Estado brasileiro para que o risco de boicotes por disputas comerciais sejam evitados.
França também citou as exportações que ocorrem no litoral de São Paulo para exemplificar a importância de suspender as licitações e possíveis privatizações. “Aí ganha uma empresa pública de um país, por exemplo, a China, que hoje é nosso concorrente, e fala que não quer mais laranja no Porto de Santos. Vou fazer o que com aquele pé de laranja lá no interior?”, questionou. Além da questão, França pontuou que o Porto de Vitória, privatizado pela gestão Bolsonaro, multiplicou em 18 vezes o valor cobrado para um navio que opera no local – de R$ 1.100 para R$ 18,7 mil. O atual mandatário do Estado de São Paulo também é adepto da privatização do Porto de Santos e a ideia foi uma das principais propostas de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) quando comandava o Ministério da Infraestrutura na última gestão federal. Em janeiro deste ano, no início do terceiro governo à frente do Planalto, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria dito ser livre de “dogmas” e não fechou as poetas a respeito do leilão do Porto de Santos. “Ele disse que, obviamente, essa questão da privatização é um tema sensível, mas que ele também não está preso a dogmas, a conversar internamente”, disse Tarcísio.