Ministro do STF autorizou cumprimento de mandado de busca e apreensão em endereços ligados ao senador
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Senador Marcos Do Val (Podemos-ES) concede entrevista coletiva à imprensa no seu gabinete, no Congresso Nacional, em Brasília (DF) em 2 de fevereiro de 2023
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) acusou, na noite desta quinta-feira, 15, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de não cumprir a Constituição e classificou a operação da Polícia Federal (PF) como uma tentativa de intimidação. Os agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar do Podemos. A reportagem da Jovem Pan também apurou que Moraes não acolheu pedido da PF pelo afastamento do senador de seu mandato.As diligências foram cumpridas após Do Val replicar, em seu perfil no Twitter, um suposto documento sigiloso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os atos do 8 de Janeiro. Segundo apurou com exclusividade a Jovem Pan News, o parlamentar é investigado por cinco crimes: divulgar documento sigiloso (artigo 153 do Código Penal), associação criminosa (artigo 288 do Código Penal), atentado à soberania do país (artigo 359-L do Código Penal), tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído (artigo 359-M do Código Penal) e organização criminosa (artigo 2, parágrafo 1º da Lei 12.850/2013).
“Isso é notório, ele [Alexandre de Moraes] invadiu um Poder, invadiu um gabinete de um senador da República. Acredito que a única razão para ele fazer isso, como eu o convoquei para a CPMI [do 8 de Janeiro] e mostrei publicamente que o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral já sabiam com antecedência [das invasões à praça dos Três Poderes], eu já esperava uma ação dessas da Polícia Federal. Não há novidade e, para mim, é clara a tentativa de intimidação ou a tentativa de recolher materiais para ele conferir se há algo contra ele”, disse em entrevista ao canal de notícias GloboNews. Para Do Val, Moraes deveria se declarar suspeito e se afastar de inquéritos em curso no STF porque, segundo a sua versão, o magistrado o orientou a procurar o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira para monitorar eventuais tratativas de golpe de Estado.