O embate entre as alas do meio ambiente e de energia do governo Lula (PT) voltou a ecoar na Esplanada dos Ministérios nesta semana. Depois que Marina Silva reforçou à Câmara, na quarta-feira (30/08), ser contra a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, representantes do Ministério de Minas e Energia retomaram o processo de fritura da ministra no Palácio do Planalto.
No Ministério do Meio Ambiente, a questão da Foz do Rio Amazonas já é considerada perdida. Mesmo com a decisão do Ibama de indeferir o pedido da Petrobras para realizar atividade de perfuração no bloco, o entendimento é que Lula ignorará os alertas.
A última vez que Marina e Lula se encontraram oficialmente, em maio, o presidente garantiu que respeitaria os pareceres técnicos antes de tomar uma decisão. Agora, o petista tende a apoiar a Petrobras e o MME na exploração na região —além de, claro, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Marina segue ministra até pelo menos o Brasil assumir a presidência do G20 e organizar a cúpula de 2024, julgam integrantes do Meio Ambiente. A gestão do país no bloco é considerada determinante justamente sobre questões climáticas, além de desigualdade social e a nova governança no mundo.
Por isso, a permanência da ministra é vista como garantida até lá. A avaliação é que pegaria muito mal dispensar Marina, uma referência na área, enquanto o Brasil tenta reforçar o papel de liderança na preservação do planeta.
Margem Equatorial A área da Margem Equatorial, onde fica a Foz do Rio Amazonas, se estende por mais de 2.200 Km na costa brasileira e é considerada uma das principais prioridades da Petrobras nos próximos 4 anos. É estimado que o local possa produzir até 10 bilhões de barris de petróleo cru.
A negativa para exploração de Petróleo em maio impacta as expectativas de lucro dos Estados do Amapá, Pará, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte. Isso porque o Ibama entende que a área é muito sensível e pode impactar tanto a vida marinha, como a fauna, flora e vida indígena no continente.
Há perfurações na Foz do Rio Amazonas desde a década de 1970, mas dessa vez o Ibama afirmou que a Petrobras não apresentou garantias de que “a fauna local será preservada” em casos de acidentes, como o vazamento de óleo. Mas é importante destacar que a foz do Rio Amazonas está a 500 Km de distância da área de exploração, apesar de serem homônimas.