São Paulo – Após uma reunião com o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), no fim da tarde desta terça-feira (9/1), a secretária de Relações Internacionais, Marta Suplicy, foi demitida do cargo porque aceitou o convite para retornar ao PT e ser vice de Guilherme Boulos (PSol), principal adversário de Nunes na disputa à Prefeitura.
Marta e Nunes conversaram durante cerca de duas horas na sede da Prefeitura, no centro da capital. Também participaram da reunião o empresário Márcio Toledo, marido de Marta, o secretário de Governo, Edson Aparecido, e o chefe de gabinete de Nunes, Vitor Sampaio.
Após a reunião, foi divulgada uma carta, com a data desta quarta-feira (10/1), na qual a ex-prefeita indica a saída de comum acordo alegando que a conjuntura política atual é diferente da encontrada quando assumiu a pasta, em 2021.
“Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui”, escreveu Marta.
O apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à campanha de Nunes é um dos motivos que fez a ex-prefeita decidir sair da Prefeitura, segundo aliados.
Marta estava de férias, que terminariam no próximo sábado (13/1), e petistas esperavam que ela procurasse Nunes para comunicar sua decisão quando retornasse ao trabalho, na segunda-feira (15/1).
No entanto, Nunes entrou na reunião desta terça já com a carta de demissão preparada, após ter sido informado pela imprensa sobre encontro entre Marta e Lula em Brasília, nessa segunda (8/1).
O prefeito paulistano alega que houve “quebra de confiança” e “traição” por parte de Marta após ela ter negociado o retorno ao PT e a entrada na chapa de Boulos sem comunicá-lo.
Marta era considerada conselheira do emedebista e participava de reuniões estratégicas do conselho político de Nunes. Na segunda, o prefeito chegou a dizer que tinha confiança na ex-prefeita sem saber que, no mesmo instante, ela se encontrava com Lula em Brasília.
A ex-prefeita era secretária de Relações Internacionais da gestão Nunes desde 2021, quando assumiu a pasta a convite do então prefeito Bruno Covas (PSDB), morto no mesmo ano.
As negociações de Marta com o PT A articulação de Lula para convidar Marta a retornar ao PT e disputar a eleição com Boulos foi revelada pelo Metrópoles no começo de dezembro. Marta já havia sido sondada, na época, a se filiar ao PL, partido de Bolsonaro, para disputar como vice de Nunes — convite que ela descartou de pronto, diante da oposição que faz ao ex-presidente.
Foi durante o governo Bolsonaro, inclusive, que Marta se reaproximou do PT e de Lula, a quem apoiou a candidatura em 2022. A ex-prefeita havia deixado o partido em 2015, após 30 anos filiada, em meio às investigações da Operação Lava Jato.
Filiada ao MDB também em 2015, em uma cerimônia com a presença do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, na época no mesmo partido, ela votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
Marta chegou a ser filiada ao Solidariedade após deixar o MDB, mas atualmente se encontra sem partido.