A assessoria de Michelle Bolsonaro (PL) afirmou que uma caixa de papelão com joias deixada embaixo da cama na embaixada do Brasil em Londres na verdade não era da então primeira-dama, e que o objeto foi trazido ao Brasil por engano. Segundo a assessoria, a joia seria um presente de um anônimo para o então príncipe Charles, e que foi devolvido à embaixada.
A informação sobre a caixa de joias estava em e-mails de ex-ajudantes de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que foram entregues à CPI dos atos golpistas, no Congresso Nacional, e que foram obtidos pelo Metrópoles.
Em um relatório, a equipe de apoio a Bolsonaro informou que no dia 18 de setembro do ano passado, uma caixa de papelão contendo joias da então primeira-dama foi esquecida sob a cama do quarto usado pelo casal presidencial, na embaixada do Brasil. Michelle e Bolsonaro estavam em Londres para o funeral da Rainha Elizabeth II.
Conforme o e-mail, a caixa foi trazida ao Brasil por um sargento em um voo do escalão avançado (Scav), que prepara a chegada do presidente no seu destino, e colocada no cofre utilizado pelos ajudantes de ordem. Após autorização do tenente-coronel Mauro Cid, chefe da equipe e braço-direito de Bolsonaro, a caixa foi entregue no Palácio da Alvorada para uma assessora de Michelle no dia 21 de setembro.
Presente de anônimo Ao Metrópoles, a assessoria da ex-primeira-dama afirmou que houve um equívoco no relatório dos funcionários do ex-presidente e que, na verdade, não houve objeto algum esquecido na embaixada. Segundo a assessoria, as joias seriam “um adereço de pescoço, aparentemente de fabricação artesanal”, que teria sido entregue a uma assessora de Michelle em Londres por uma pessoa que se encontrava em uma multidão em um local por onde passaria o ex-casal presidencial.
Mais tarde, os assessores da então primeira-dama teriam percebido que o papel que estava junto com o embrulho informava que o presente deveria ser entregue para o rei Charles.
“A dinâmica de movimentação das comitivas é muito acelerada e, portanto, a assessora, num gesto de gentileza e consideração, apenas recebeu o embrulho e o levou para Embaixada do Brasil para que, posteriormente, fossem adotadas as medidas cabíveis pelos servidores responsáveis”, justificou. Diante do forte esquema de segurança, no entanto, não foi possível entregar o presente à realeza.
Engano A equipe de Michelle Bolsonaro afirmou que, “ao que tudo indica”, um membro da comitiva responsável por checar os aposentos “teria pegado o embrulho e trazido para o país supondo pertencer à primeira-dama ou a algum outro membro da comitiva que a acompanhava”.
Já no Brasil, segundo nota, quando as assessoras de Michelle receberam o pacote e perceberam que foi trazido por engano, elas o entregaram a um diplomata que servia à presidência e pediram para que o objeto fosse devolvido à embaixada do Brasil em Londres via mala diplomática.
“A partir desse momento, nem as assessoras, nem dona Michelle receberam mais informações sobre o caso”, alegou.
Diferente da versão da equipe de Michelle, nos e-mails dos ajudantes de ordem é informado que uma caixa de papelão, contendo joias da primeira-dama, teria sido esquecida embaixo da cama do quarto em que estava hospedado Bolsonaro, na casa do embaixador do Brasil em Londres na ocasião, Fred Arruda.
Confira a nota na íntegra:
Em relação às indagações feitas pelo Metrópoles, primeiramente, salientamos que não houve joias
pertencentes à sra Michelle Bolsonaro “esquecidas” na Embaixada do Brasil em Londres, até porque,
devido ao esquema de segurança do evento, houve restrição de uso de alguns tipos de joias e adereços.
Portanto, a forma como foi redigido o relatório de passagem de serviço foi equivocada.
A partir das informações que foram fornecidas pelo veículo Metrópoles, por ocasião do
questionamento, informamos que, ao que tudo indica, trata-se de um embrulho (junto com um papel
escrito) que teria sido entregue em Londres a uma das assessoras da Primeira-Dama, durante a rápida
dinâmica de deslocamento e comparecimento da comitiva aos eventos, por uma pessoa que, salvo
engano, se encontrava na multidão próxima ao local por onde passaria o casal presidencial.
Posteriormente, verificou-se no escrito a solicitação para que o presente fosse entregue ao, então,
Príncipe Charles. Tratava-se de um adereço de pescoço, aparentemente, de fabricação artesanal. A
dinâmica de movimentação das comitivas é muito acelerada e, portanto, a assessora, num gesto de
gentileza e consideração, apenas recebeu o embrulho e o levou para Embaixada do Brasil para que,
posteriormente, fossem adotadas as medidas cabíveis pelos servidores responsáveis.
Cabe reforçar que devido ao rigoroso esquema de segurança e das prescrições ditadas pelo cerimonial
dos eventos fúnebres da Rainha Elizabeth II, havia muitas restrições quanto a circulação e utilização
de objetos por parte dos convidados durante as cerimônias, inclusive quanto ao uso de joias e ferragens
em bolsas ou outros acessórios. Nessas condições, restou inviabilizado o atendimento do pedido por
parte de qualquer membro da comitiva.
Ao que tudo indica, durante os preparativos para o retorno ao Brasil, algum membro da comitiva
responsável pela checagem dos aposentos, teria pegado o embrulho e trazido para o país supondo
pertencer à Primeira-Dama ou a algum outro membro da comitiva que a acompanhava. Chegando ao
Brasil, quando as assessoras receberam o referido pacote e perceberam que fôra trazido por engano,
entregaram-no a um dos diplomatas que servia à Presidência solicitando que fosse enviado à
Embaixada do Brasil em Londres, via malote (mala diplomática). A partir desse momento, nem as
assessoras, nem dona Michelle receberam mais informações sobre o caso.