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Moradores se queixam de falta de energia e Coelba culpa furtos de cabos

A casa de Demeval Nascimento, 65, era conhecida em Stella Maris por ter uma grande lagoa em que o empresário criava peixes. Há pouco mais de um ano, ele desativou o atrativo por conta das constantes quedas de energia que prejudicavam a bomba responsável por oxigenar a água. As interrupções não são novidade para quem vive em Salvador, mas o furto de equipamentos da rede elétrica tornou o problema ainda mais grave no último final de semana. Moradores relatam até seis quedas do serviço em 20 minutos. 

Desde a sexta-feira (10), Stella Maris, Ipitanga, Praia do Flamengo e Vilas do Atlântico registraram interrupções no fornecimento de energia – que só foi restabelecido completamente na segunda-feira (13). Moradores se queixam do “vai e vem”, que tem potencial para danificar aparelhos eletrônicos e causar transtornos no cotidiano. O furto de cabos de um equipamento chamado de “casa de manobra”, na Paralela, foi a razão para as oscilações, segundo informou a Neoenergia Coelba. 

Morador de Stella Maris há 27 anos, Demeval foi um dos impactados pelo problema. “No domingo foi terrível. Um dos piores dias. A energia ficou caindo e voltando muitas vezes”, conta. Além do desconforto causado, a máquina de lavar roupas da casa apresentou defeitos logo após o ocorrido no final de semana.

“A máquina não estava centrifugando as roupas por conta das quedas de energia no dia anterior”, relata. Apesar do problema ter sido resolvido, Demeval alega que a situação ocorre com frequência na vizinhança, o que motivou a sua desistência de criar peixes na lagoa que possuía em casa. 

“Nós não temos um serviço de qualidade, a falta de energia é constante. Não precisa nem chover”, reclama. 

Nas redes sociais, muitas pessoas também fizeram reclamações e relataram os problemas. “Vilas do Atlântico num vai e vem de luz com menos de um minuto. (…) Minha vizinha perdeu a geladeira e eu o aparelho de som”, postou um homem. 

Furtos 

Se de um lado moradores reclamam das condições do serviço, do outro, a Neoenergia Coelba culpa o vandalismo. Entre 2020 e 2023, houve um aumento de 600% na quantidade de furtos de cabos em Salvador. Foram 56 ocorrências registradas nos dois primeiros meses deste ano, contra oito no mesmo período em 2020. Barbalho, Pituba, Parque Bela Vista, Pernambués e Nazaré são as localidades em que mais acontecem furtos.

“Os furtos colocam em risco toda a população porque algum fio energizado pode ficar no chão e eletrocutar alguém, inclusive quem realiza o furto. O outro problema é o comprometimento da qualidade do abastecimento”, explica Tales Itaborai, gerente de Operações da Neoenergia Coelba. A distribuidora realizou manobras remotas na rede enquanto a máquina danificada passava por manutenção, o que causou as oscilações. 

Danos causados no equipamento localizado na Av. Paralela ocasionaram a queda de energia, segundo a Coelba

(Foto: Divulgação/Coelba)

Os fios de materiais metálicos são os grandes alvos dos bandidos, que repassam o  material após o crime. Em julho do ano passado, uma operação conjunta da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Civil apreendeu 4,5 toneladas de fios de cobre e alumínio. Os produtos, avaliados em R$ 500 mil, foram encontrados em cinco empresas nos bairros de Pirajá e Valéria. Procurada, a Polícia Civil disse que investiga os receptadores através da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos. 

Além do vandalismo, a sobrecarga na rede elétrica pode ser responsável pelas interrupções generalizadas, como pontua o engenheiro eletricista Marcus Lima. “As sucessivas quedas de energia em diferentes bairros indicam problemas de sobrecarga na rede. Isso é uma questão que a distribuidora precisa planejar dentro do programa de manutenção”, diz.

Uma pesquisa realizada em 2021 pela Generac, empresa que produz geradores residenciais. Segundo o levantamento, 59% das quedas ocorrem por problemas nas próprias instalações elétricas, como defeitos materiais, sobrecargas e falta de equipamentos.

Apenas 11% das 250 mil interrupções registradas em todo o país foram causadas por ações externas, como vandalismos. A Agência Nacional de Energia Elétrica foi procurada para comentar a questão, mas não retornou aos questionamentos da reportagem. 

Problemas cotidianos

Apesar da Coelba considerar que as quedas de energia são questões isoladas, quem convive com o problema não se satisfaz com a explicação. O estudante Bernardo Machado, 18, é um dos moradores de Stella Maris que critica o serviço. “A queda de energia acontece constantemente em Stella Maris, mais especificamente na região do Petromar. Atrapalha muito o nosso dia”. 
 
Depois das quedas de energia do final de semana, Bernardo precisou lidar com transtornos: o ar condicionado parou de funcionar e o computador de mesa também apresentou defeitos. Essa não foi a primeira vez que sua família enfrenta problemas, tendo até sido ressarcida pela empresa outra vez. 

O jornalista Rodrigo Portela, 22, que vive em Lauro de Freitas, tanto se acostumou com o problema que nem busca saber mais qual a razão para as oscilações no serviço.

“O bairro todo ficou sem energia há umas duas semanas. Não entrei em contato com a Coelba porque é algo que sempre acontece por aqui”, critica. 

Procon-BA registra 673 reclamações contra a Coelba em 2023

A Neoenergia Coelba já acumula 673 reclamações na Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor da Bahia (Procon-BA) somente neste ano. O número representa uma redução de 8% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando 736 queixas foram contabilizadas. Do total de atendimentos do Procon, 19 são sobre danos materiais e 17 sobre suspensão indevida do fornecimento. A cobrança de valores não reconhecidos é a denúncia mais recorrente.

O consumidor precisa entrar em contato com a empresa antes de fazer uma queixa na superintendência, como explica a Adriana Menezes, diretora de atendimento de orientação ao consumidor do Procon-BA. “Como a interrupção de energia pode ser por diversos fatores, é preciso primeiro reclamar com a empresa fornecedora e, se não houver solução, o consumidor deve procurar o Procon”, afirma. É importante que o consumidor guarde o número do protocolo do contato com a empresa para apresentar no momento da queixa.

Em caso de danos materiais, além do Procon, a Justiça também pode ser acionada. “O Procon é uma forma administrativa de se resolver. Na teoria, você será avaliado por alguém que tem a função de proteger o consumidor, enquanto que no judiciário, o caso é julgado por um juiz neutro”, esclarece Pedro Falcão, advogado especialista em Direito do Consumidor. 

Para isso, é preciso que os clientes reúnam o máximo de provas que confirmem a hipótese de que o aparelho foi danificado pela má prestação do serviço. Há cinco anos, Carol Pessoa, moradora de Lauro de Freitas, teve uma TV e computadores danificados por conta de quedas de energia. Ela entrou na Justiça e conseguiu uma indenização de R$ 8 mil. “Nós tínhamos na nossa rua constantes quedas de luz”, relata.

Como fazer queixas no Procon-BA

As reclamações individuais são tratadas pela Diretoria de Atendimento e Orientação ao Consumidor do Procon-BA. Neste caso, o objetivo é interceder junto ao fornecedor de produtos e serviços, através de um dos tipos de atendimento, e apresentar uma imediata solução para a demanda apresentada; ou, ainda, através de uma audiência de conciliação, buscar uma composição amigável entre as partes envolvidas.

As reclamações podem ser feitas das seguintes formas:

  • Presencialmente em um dos postos de atendimento do Procon-BA, através de agendamento pelo SAC Digital
  • Por chamada de vídeo, através de agendamento pelo SAC Digital
  • Pelo Formulário Eletrônico
  • Pelo portal Consumidor.gov

*Com orientação de Fernanda Varela.

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