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Mundo bate recorde de refugiados e ONU aponta para novos fluxos

O mundo bater um novo recorde de refugiados e deslocados. De acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quinta-feira (13/6), 117,3 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas e cidades, até maio de 2024. O levantamento aponta ainda novos fluxos de pessoas.

Segundo a ONU, 2023 foi o 12º ano de aumento consecutivo de deslocados e reflete conflitos novos e a incapacidade de resolver crises de longa data. Esse número tornaria a população global deslocada equivalente ao 12º maior país do mundo, equivalente ao Japão.

Pela primeira vez em mais de dois anos, a crise na Venezuela volta a superar o fluxo de deslocados da Ucrânia, país em guerra.

Conforme os dados da ONU, quase 600 mil emigrados e deslocados vivem hoje no Brasil, um número também inédito. O relatório também ofereceu uma nova análise sobre a crise climática e como ela afeta de forma crescente e desproporcional as pessoas deslocadas à força.

“Por trás desses números gritantes e crescentes estão inúmeras tragédias humanas”, afirmou Filippo Grandi, o Alto Comissário da ONU para Refugiados.

Maiores fluxos de refugiados: Afegãos: 6,4 milhões Sírios: 6,4 milhões Venezuelanos: 6,1 milhões Ucranianos: 6 milhões Sudaneses: 1,5 milhão De acordo com a ONU, um forte fluxo de saída de venezuelanos foi registrado em 2022 e 2023. Há dois anos, eles eram 5,4 milhões. Atualmente, superam a marca de 6,1 milhões. 97% dos deslocados venezuelanos estão na América Latina, com 2,9 milhões na Colômbia, 1 milhão no Peru, 471 mil no Equador e 435 mil no Chile.

No caso da Ucrânia, também houve um aumento entre 2022 e 2023, mas em um ritmo menor. Um total de 2,6 milhões de ucranianos estão nos países vizinhos e outros 3,4 milhões no restante da Europa e pelo mundo.

Ao contrário da narrativa de partidos populistas e xenófobos da Europa, o levantamento aponta que o maior fluxo não está nos países ricos: 75% dos deslocados e desterrados encontram abrigos em outros países pobres. Juntos, eles representam apenas 20% do PIB mundial e acolhem três quartos dos estrangeiros.

Sudão e Gaza O conflito devastados no Sudão é considerado um fato importante para o aumento no fluxo de emigrados. Desde abril de 2023, mais de 7,1 milhões de novos deslocamentos foram registrados no país, com outros 1,9 milhão fora dele. No final de 2023, um total de 10,8 milhões de sudaneses foram desarraigados.

Na República Democrática do Congo e em Mianmar, milhões de pessoas foram deslocadas internamente no ano passado devido a combates violentos.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (Unrwa) estima que, até o final do ano passado, cerca de 1,7 milhão de pessoas (75% da população) foram deslocadas na Faixa de Gaza pela violência, sendo que alguns deslocados palestinos fugiram várias vezes.

A Síria continua sendo a maior crise de deslocamento do mundo, com 13,8 milhões de pessoas deslocadas à força dentro e fora do país.

“Esse sofrimento deve estimular a comunidade internacional a agir com urgência para combater as causas fundamentais do deslocamento forçado”, disse. “Já é hora de as partes em conflito respeitarem as leis básicas da guerra e o direito internacional. O fato é que, sem uma melhor cooperação e esforços conjuntos para lidar com conflitos, violações de direitos humanos e a crise climática, os números de deslocamento continuarão aumentando, trazendo mais miséria e respostas humanitárias caras”, alertou Grandi.

Fuga de conflitos Conforme a ONU, o maior aumento nos números de deslocamento veio das pessoas que fogem de conflitos e permanecem em seu próprio país, chegando a 68,3 milhões de pessoas. Trata-se de um aumento de quase 50% em cinco anos.

O número de desterrados e outros que precisam de proteção internacional subiu para 43,4 milhões.

O relatório apontou ainda que, em todo o mundo, apenas 5 milhões de pessoas deslocadas internamente e 1 milhão de emigrados voltaram para casa em 2023. A taxa é apenas uma fração do fluxo de saída de pessoas de seus respectivos países.

“Os refugiados, e as comunidades que os acolhem, precisam de solidariedade e ajuda. Eles podem contribuir e de fato contribuem para as sociedades quando são incluídos”, insistiu o Alto Comissário.

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