InícioEditorialMúsico do Neojiba faz apelo para recuperar instrumento: 'Vale muito para mim'

Músico do Neojiba faz apelo para recuperar instrumento: ‘Vale muito para mim’

Feito de carne, osso e música. Se fosse possível, essa seria a composição capaz de definir o violinista Eliel Santana, 22 anos, spalla da Orquestra 2 de Julho, dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba). Ele, que tem o passado e os laços familiares marcados pela relação com a música, afirma que o violino faz parte de si mesmo. No entanto, desde a tarde de terça-feira (8), quando teve seu celular e o instrumento roubados no bairro de Paripe, no Subúrbio Ferroviário, Eliel está triste. 

“Ainda não assimilei direito. Eu sempre vejo na TV, em todo lugar assaltos a todo momento, mas eu nunca tinha passado pela situação. Só estou muito triste”, reitera. 

Eliel conta que fazia seu trajeto normal para casa antes de tudo acontecer. Quando acabou o ensaio na Neojiba, ele aceitou a carona de um colega até um ponto de ônibus da Fazenda Coutos, onde resolveu pedir um mototáxi para a sua casa. Chegando ao destino, o mototaxista foi embora e logo atrás dele surgiu um homem em uma moto, que não abordou o músico de imediato. Eliel chegou a caminhar na ladeira de casa antes de o assaltante passar por ele e exigir seus pertences. 

“Ele me abordou pedindo meu celular e apontando a arma para mim. Depois pediu também meu violino e eu, sem reação alguma, entreguei. Depois ele foi embora”, relata Eliel. 

Passado o susto, Eliel não esconde que está preocupado em descobrir como será seguir sem seu instrumento. Avaliado entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, o violino que está carimbado com a marca do governo do Estado ficava sob os cuidados do jovem há cerca de dois anos. Com ele, o spalla da Orquestra 2 de Julho já viveu grandes momentos, entre eles, uma apresentação inesquecível em uma das três melhores salas de concerto do mundo, em Amsterdã, na Holanda, em setembro deste ano, durante a turnê internacional do grupo. 

“Na Turnê da Independência, o nosso concerto na Concertgebouw, em Amsterdã, foi marcante. É uma das salas mais importantes do mundo para os músicos e termos feito música lá foi surreal. Nossa energia no palco, a comunicação, a sincronia. Foi tudo muito especial e vivi tudo com meu violino”, destaca.  

O apego ao instrumento não vem do acaso. Eliel é de uma família na qual a música é assunto sério. Filho de uma professora e um motorista apaixonados pela música e que inspiraram seus filhos a desenvolverem amor pelas mais diversas melodias. Eliel começou a tocar violino aos 8 anos. Sua mãe, que toca órgão na igreja, passou os ensinamentos para as irmãs de Eliel.  

A irmã mais velha aprendeu harpa, o irmão mais velho se familiarizou com o fagote e, hoje, ambos tocam no Neojiba. Com a família inteira vinculada à musica, uma vez que seu pai toca clarinete desde a juventude, a decisão de ser violinista não demorou. Aos 13 anos, ele viu a abertura de inscrições para o Neojiba e decidiu trilhar o mesmo caminho. 

Com nove anos de experiência no Núcleo e diversos espetáculos na carreira, Eliel teme pelo desempenho na próxima apresentação, que acontece no domingo (13), ao lado dos demais integrantes da Orquestra 2 de Julho, no Teatro Castro Alves (TCA). De acordo com ele, todo músico precisa de tempo para se acostumar com um novo instrumento. “Provavelmente, vamos conseguir um outro instrumento para tocar, mas não com o mesmo sentimento e qualidade que o outro teria. Tudo que sentimos, transmitimos por meio do instrumento, do som. Quando pegamos outro, parece um desconhecido”, afirma. 

Campanha
Na esperança de recuperar o violino de Eliel, o Neojiba divulgou uma campanha nas redes sociais. O instrumento, de cor clara, tem algumas rachaduras e cordas laranjas. Na parte de trás, há um carimbo com marca do governo do Estado/ Instituto de Desenvolvimento Social pela Música (IDSM). Ele estava em um estojo preto. 

Quem tiver informação sobre o violino pode entrar em contato através do número (71) 3044-2959. O Neojiba irá oferecer ingressos para seus concertos como recompensa ao ato de solidariedade. 

“O meu instrumento foi um marco na minha carreira. Ele proporcionou que eu evoluísse bastante. Espero muito que eu consiga recuperá-lo. Vale muito para mim”, declara Eliel. 

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo

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