As joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões e que seriam destinadas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ficaram retidas na alfândega 08/03/2023 22:35, atualizado 08/03/2023 22:49
Reprodução
O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque alegou a auditores da Receita Federal que as joias dadas de presente pela Arábia Saudita ao Brasil eram para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama”, disse Albuquerque em um vídeo obtido pelo blog da jornalista Andreia Sadi. As imagens são das câmeras de segurança do Aeroporto Internacional de Guarulhos, no dia 26 de outubro de 2021, quando Albuquerque havia desembarcado no Brasil.
As joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões e que seriam destinadas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ficaram retidas na alfândega, enquanto o outro pacote ingressou no Brasil na mala de um integrante da comitiva de Bento, Marcos Soeiro. Havia relógio e caneta neste segundo volume.
Inicialmente, Soeiro disse que as joias em sua bagagem eram um presente para Albuquerque. “Isso é um presente do príncipe regente da Arábia Saudita para o ministro”, diz o ex-assessor. “Isso tudo aqui é presente. Vocês não têm ideia do problema”.
Soeiro ainda explicou que o então ministro tinha viajado para representar o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e, por isso, levava na bagagem os bens.
“Esse convite não foi nem para o ministro. Esse convite foi para o presidente e o presidente mandou o ministro lá representá-lo.”
Os auditores não liberam as joias, no entanto, e Soeiro liga para Bento Albuquerque ir até o local. “O ministro está vindo aqui, provavelmente vai ligar para o diretor da Receita Federal”, afirma.
No local, Albuquerque diz que nunca havia visto as joias, mas as recebido apenas quando estava saindo da Arábia Saudita. Um auditor explica, então, ao ex-ministro que os bens ficariam retidos pois não foram declarados, mas que poderiam ser liberados posteriormente, caso os presentes fossem dados para o Estado brasileiro.
“Nós vamos reter os bens, vamos gerar um documento em nome do senhor que é o portador, certo? Aí, qual foi a orientação? Pega esse documento, entrega no gabinete do ministério de sua chefia. Esse gabinete vai entregar no gabinete da secretaria da Receita Federal para que estes trâmites para a outorga dessa imunidade sejam iniciados”, disse um dos auditores.
Bolsonaro e joias
PR e Reprodução
Joias sauditas bolsonaro brasil PF metropoles
Joias sauditas apreendidas no Aeroporto de Guarulhos com comitiva do presidente Jair Bolsonaro, em 2021Reprodução
Bolsonaro, Michelle e joias
Igo Estrela/Metrópoles e Divulgação
Joias doadas a Michelle Bolsonaro
Receita não liberou joias trazidas ao Brasil pelo governo BolsonaroReprodução/Twitter do ministro Paulo Pimenta
Joias trazidas ao Brasil por integrantes do governo Bolsonaro supostamente para Michelle
Joias trazidas ao Brasil por integrantes do governo Bolsonaro supostamente para MichelleReprodução/Twitter
Joias doadas a Michelle Bolsonaro
Joias foram apreendidas pela Receita Federal em São PauloReprodução/Twitter do ministro Paulo Pimenta
Soeiro questiona se este termo de retenção de bens poderia ser feito no nome de Bento Albuquerque. “Quer colocar no nome do ministro? Acho que é até melhor. “
“Presente tão grande”Albuquerque ainda diz que nunca tinha recebido um presente “tão grande”:
“Quando você vai para um evento desses, o cara chega e vai te dando. Quem sobra é o cara que tem que carregar. Então, esse é o problema. Teve dois eventos lá, Minas e Energia e outro foi a cúpula. Depois desse evento, no aeroporto, o cara chegou lá, ainda assinei o papel dizendo que a gente recebeu.”
Apenas depois de conversarem por um tempo é que o ex-ministro afirma para os auditores que as joias eram presente para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Em diferentes ocasiões, o governo federal tentou reaver as joias – um colar, anel, relógio e um par brincos de diamantes da marca de luxo suíça Chopard – sem pagar a taxa e a multa necessárias, como de praxe para o Fisco.
O blog de Andréia Sadi, obteve acesso ao vídeo que mostra o diálogo entre o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, enviado por Bolsonaro, e um auditor da Receita Federal no dia 28 de dezembro de 2022, três dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Mais lidas