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Noite da Beleza Negra abre Carnaval do Ilê

Depois de dois anos em silêncio pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19, a Senzala do Barro Preto, na Ladeira do Curuzu, voltou a abrir as portas para celebrar a 42ª edição da Noite da Beleza Negra. Nessa edição, foram homenageados os centenários de Mãe Hilda Jitolu, matriarca do Ilê Aiyê, e de Agostinho Neto, herói nacional de Angola, além de também fazer uma reverência à memória de Sérgio Roberto dos Santos, idealizador da Noite da Beleza Negra, que faleceu no último domingo (22).

A Senzala esteve lotada durante a noite e a madrugada de realização da Noite da Beleza Negra, após dois anos de suspensão do evento, em virtude da pandemia (Fotos: Ana Lúcia Albuquerque)

A noite foi marcada por muita emoção das candidatas à Deusa do Ébano e da plateia, que fez questão de manifestar suas preferências, além das presenças especiais, a exemplo das cantoras Juliana Ribeiro, Patrícia Gomes e Alobened, os atores Sulivã Bispo, Regina Casé, Diogo Lopes Filho, que encarnou Agostinho Neto, além de autoridades como o governador do estado Jerônimo Rodrigues e até o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que fez questão de permanecer discreto.

A bailarina e coreógrafa Dalila Oliveira, 20, foi a escolhida para representar o orgulho e a beleza negra esse ano. Além dela, estarão reinando a estudante de jornalismo Caroline Xavier, 24 anos, e a empreendedora Larissa Sacramento, 28 “Eu subi no palco representando minha mãe, minha avó, minha madrinha e tantas outras mulheres pretas e essa oportunidade, para mim, é surreal”, comentou.

Nova Senzala 

O presidente e fundador do Ilê Aiyê, Antônio Carlos Vovô não escondeu a emoção, especialmente, depois dos últimos dois anos, quando o evento não foi realizado em virtude das medidas sanitárias. 

“Estou emocionado e feliz em ver essa Senzala lotada. Só nós sabemos os desafios que enfrentamos nesses últimos anos, porque não é fácil manter tantos projetos funcionando sem o apoio da iniciativa privada, afinal, essa iniciativa não é só entretenimento. Ela salva vidas”, completou lembrando que, se no passado as senzalas eram local de tristeza, a nova senzala era um espaço de acolhimento e renovação.

Vovô também anunciou que, no próximo dia 05 de fevereiro, o ensaio do Ilê voltará a ser realizado na Senzala do Barro Preto, com a presença de Daniela Mercury. “Não temos a cultura de pressionar marcas que apoiem as iniciativas que ajudam à nossa população, mas é preciso que façamos a economia circular dentro da nossa comunidade e, por isso mesmo, precisamos fazer os ensaios sempre aqui”, completou.

Isabel Filardis, do Grupo, Sublimes foi uma das atrações da noite que lotou a Senzala do Barro Preto, na ladeira do Curuzu, na 42ª edição da Beleza Negra (Foto: Ana Lúcia)

Misterioso, o representante do Mais Belo dos Belos garantiu que o Carnaval do Ilê em 2023 será especial e pediu que as pessoas acompanhassem as redes sociais(@blocoileaiye) para acompanhar as novidades que serão lançadas para a folia momesca. 

Ouro Negro

Por falar em investimentos nos blocos afro, o governador Jerônimo Rodrigues fez questão de elogiar a produção do evento e garantir que o Governo do Estado se manterá parceiro da iniciativa.

 “Já solicitei ao vice-governador que assuma a missão de aprimorar o apoio aos grupos e agremiações afro, para que possamos envolver outros atores, a exemplo do Governo Federal”, pontuou. 

O governador Jerônimo Rodrigues elogiou a produção do evento e anunciou uma ampliação no apoio aos blocos afros e agremiações culturais (Foto: Ana Lúcia)

Rodrigues também ressaltou que o Programa Carnaval Ouro Negro contará com recursos na ordem de R$ 8 milhões esse ano e com a expectativa de melhorar no ano que vem. “O Carnaval da Bahia não é só entretenimento e não se limita a Salvador. Há um aspecto cultural fortíssimo, além dos inúmeros incrementos na economia, seja ela macro ou solidária, e no turismo, por isso, o governo do estado está se preparando para montar uma estrutura robusta que possibilite cuidar da saúde, segurança pública, reforçando a festa em todos os cantos da Bahia”, completou. 

Avesso às entrevistas, o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa também prestigiou à Noite da Beleza Negra e assumiu que já desfilou no Olodum. “Isso foi no passado, quando não era ‘famoso’ ”, brincou. Eleito pela Revista Time como uma das cem pessoas mais influentes do mundo e incluído pela BBC Brasil em uma lista de 10 brasileiros que foram notícia no mundo naquele ano, o ex-ministro disse ser um amante antigo da Bahia e de suas manifestações culturais. 

Tempo e ancestralidade

O tempo e a ancestralidade foram os pontos altos do evento e a 42º Noite trouxe como tema “Iroko é Liberdade – Um espetáculo para festejar o tempo”, com a direção geral do dramaturgo e roteirista baiano Elísio Lopes Jr. 

Com muita música preta e o batuque tradicional da Band’Aiyê, o evento levou ao palco da Senzala sons para aquecer a memória e os corações de muitas gerações. A primeira atração da noite foi a cantora, compositora e dançarina Nara Couto, em seguida, a formação original do grupo As Sublimes, com Isabel Filardis, Lilian Valeska, Karla Prietto celebraram a força das mulheres pretas numa apresentação nostálgica dos anos 90.

Por falar em vozes femininas e negras, as cantoras Patrícia Gomes (Timbaladies) e Alobêned Airam (Banda Mel) também marcaram presença com os clássicos da música baiana. 

A banda Afrocidade foi a grande convidada para celebrar a vitória da nova Rainha do Ilê Aiyê. O som da Afrocidade nasceu da mistura de variadas expressões da música negra. É uma mistura de letras politizadas, com ritmos populares como o arrocha e o pagode, além da música afro, dub jamaicano, o reggae, o ragga e o afrobeat.

Há sete anos à frente da Noite da Beleza Negra, Elísio Lopes Jr ressaltou o papel importante da equipe criativa, composta por nomes como Zebrinha, Jarbas Bittencourt, Renata Mota, Clarissa Torres, que preparou um novo formato e de uma nova estética para a edição de 2023. 

“Para nós, muito além do concurso, essa noite aponta direções, pautas e estéticas da arte preta. Os artistas querem esse palco, comemoram quando são convidados, doam seu ofício. Nós honramos essa responsabilidade. É a história do Ilê e a nossa colaboração criativa para o enaltecimento da nossa cultura preta e da nossa ancestralidade.”, finalizou Lopes Jr.

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