O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reconheceu que sua abordagem sobre segurança pública, que enfatiza o uso da força policial, pode ter contribuído para o aumento da violência policial no Estado. Durante um evento do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), ele descreveu a segurança pública como uma “ferida aberta” e ressaltou que suas palavras têm um impacto significativo, podendo influenciar a conduta dos policiais. “Tem que parar para pensar onde estamos errando. Se erramos no discurso… O nosso discurso tem risco. No nosso discurso, a gente dá o direcionamento”, disse.
Tarcísio também voltou a reconhecer que estava errado em se opor ao uso de câmeras corporais por policiais. Essas declarações surgem em um momento delicado, marcado por uma crise de opinião pública em relação à segurança, intensificada por incidentes de violência policial, como o caso de um PM que arremessou um homem de uma ponte e a trágica morte de um menino em Santos. Esses eventos têm gerado um clamor por mudanças na abordagem da segurança.
O governador, que anteriormente minimizava as denúncias de abusos policiais, agora admite que sua retórica pode ter sido inadequada. A professora Joana Monteiro, presente no evento, enfatizou a relevância do discurso político na atuação das forças de segurança e a urgência de investimentos em estratégias eficazes para o combate ao crime. Ela é coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da Fundação Getúlio Vargas. Também participaram do evento o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite — este último, porém, não discursou.
Lewandowski também se manifestou sobre a situação, destacando a necessidade de aprovação da PEC da Segurança Pública. Essa proposta visa constitucionalizar o Sistema Unificado de Segurança Pública, o que permitiria a criação de diretrizes nacionais mais robustas. Tarcísio expressou apoio à ideia de convocar os governadores para discutir essa proposta, embora haja resistência entre os Estados em relação à possível perda de autonomia sobre suas forças de segurança.
Publicada por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA