O avô do vilipendiado Roberto Campos Neto, o sábio Bobby Fields (era assim que a esquerda o chamava) dizia que o PT era o partido de trabalhadores que não trabalhavam, estudantes que não estudavam e intelectuais que não pensavam.
Suponho que o presidente do Banco Central deva pensar na definição do avô toda vez que é obrigado a explicar a um petista as atribuições da autoridade monetária.
É tarefa ingrata. Muitos anos atrás, assisti ao desabafo de outro presidente do Banco Central durante um jantar em petit comité do qual ele saiu bem mais para lá do que para cá. “O meu trabalho é fazer índio correr maratona. De 100 em 100 metros, o índio senta no meio-fio, diz que está cansado, e você é obrigado a convencê-lo a se levantar e continuar correndo”, disse o coitado quando ainda se podia chamar índio de índio.
Hoje, véspera da reunião do Copom, Lula atacou mais uma vez e calculadamente Roberto Campos Neto por causa da taxa de juros. Como eu disse em um artigo na semana passada, antes de ser bruscamente interrompido, Lula vai colocar um pau mandado na presidência do Banco Central para baixar os juros na marra. O Cacique Tranca-Juros, que só tem o plano de se reeleger, não quer saber de correr maratona. Acha que, com juros baixos, a sua presidência será um sucesso. Adora endividar pobre, dando a ilusão de que o pobre pertence à “nova classe C”.
Bobby Fields escreveu um livro de memórias monumental intitulado A Lanterna na Popa. Espero que Roberto Campos Neto, ao sair do Banco Central, não se preocupe apenas em ficar mais rico. Seria interessante que ele também registrasse para a posteridade a sua experiência como central banker de Jair Bolsonaro e de Lula, o guia genial dessa turma que não trabalha, não estuda, não pensa e não sabe fazer contas, a não ser as exigidas pelos seus próprios extratos bancários.