Há filmes que transitam entre diversos gêneros, muitos distintos entre si. E causam alguma estranheza, por essa e outras razões. E é esse o caso de O Urso do Pó Branco, que estreia nesta quinta-feira (29) nos cinemas. Certamente, o espectador vai sair da sala de cinema com uma sensação meio esquisita, pela bizarrice da história e se perguntando: “É um terror? Uma comédia? Um drama? Ou quer mesmo nos assustar, mas não passa de um filme B?”.
Sim, o filme dirigido por Elizabeth Banks (diretora de As Panteras, versão de 2019) tem uma história pra lá de inusitada – embora baseada em fato real – e é uma mistura de gêneros, passando até por momentos “sessão da tarde”. Mas, sem dúvida é bastante original e cumpre seu papel, que é dar uma hora e meia de diversão ao público.
O caso real: em 1985, um urso foi encontrado morto, em razão de uma overdose de cocaína. A droga havia sido dispensada por traficantes que estavam em um avião e caiu no parque onde o animal estava. Não se sabe exatamente o que ocorreu entre o momento em que o mamífero ingeriu a droga e a hora em que ele morreu. Mas não há registros de que ele tenha atacado pessoas nem outros animais.
Urso doidão
E é aí que entra o roteirista Jimmy Warden: ele imagina que o urso ficou doidão depois de engolir a droga e saiu atacando ferozmente quem via pela frente. E isso, principalmente, porque o animal estava atrás de mais doses de cocaína. No começo, imagina-se que virá pela frente uma comédia inocente, meio “pastelão” até: o traficante, no avião, joga os pacotes de drogas e, antes de se preparar para o pulo, bate a cabeça contra o teto da aeronave, no melhor estilo Trapalhões.
Mas, mais à frente, o filme tem um tom de humor meio mórbido, que explora a violência para – sim, acredite – arrancar risos, afinal, fica difícil segurar a risada quando você lembra que o urso está doidão enquanto arranca as tripas de uma vítima. E, sim, você vê explicitamente as entranhas de seres humanos sendo arrancadas. E não para por aí: numa cena, uma maca é arremessada de uma ambulância e a mulher socorrida arrasta a cara no asfalto. E a diretora não poupa ninguém: você vai ver tudo isso de pertinho. Resta a você rir ou tampar os olhos diante da aflição que a cena causa.
Tem até momentos bastante politicamente incorretos, como um em que duas crianças, querendo bancar adultos, encontram um pacote de cocaína e resolvem experimentar. Mas, em vez de cheirar, acham que devem comer. E aí, pergunta-se o espectador: pode rir de crianças usando drogas?
O estilo de humor, às vezes surreal, pode lembrar alguns momentos dos Irmãos Coen ou, mais ainda, por causa do politicamente incorreto, de outra dupla de irmãos que fez muito sucesso há uns 20 anos: Peter e Bobby Farrelly, de clássicos como Quem Vai Ficar com Mary? (1998) e Débi & Lóide (1994).
Elizabeth Banks, que também produz o filme, resume a sua criação: “Esse urso vai f… uma galera! Terror e comédia são dois lados da mesma moeda. Basicamente, eu faço comédias e depois coloco dentro de outros filmes. E essa é uma comédia dentro de um filme de terror”, revela a diretora de 49 anos, que é também atriz de filmes como O Virgem de 40 Anos (2005) e Jogos Vorazes (2012).
Em cartaz: Cinépolis Parque Bahia, Bela Vista, Salvador Norte; Cinemark Salvador Shopping; UCI Shopping Paralela, Shopping da Bahia e Shopping Barra