Cartas foi uma das fontes relevantes em todo o processo de comunicação da Guerra da Independência da Bahia. Nos debates em que se esboçava uma nova Constituição, no Porto, o deputado Peçanha chegou a sugerir interceptar as cartas de Lisboa para a Bahia. Quando confrontado de que essa atitude deliberava contra as bases da Constituição em curso, fez a ressalva de que se referia às cartas que tinham sido impressas, ou seja, publicadas nos jornais. Essas cartas municiaram as narrativas dos “jornalistas”, nas mídias londrina, portuguesa e brasileira, óbvio a baiana incluída. O Deputado Peçanha não conseguiu sustar. Boa parte dessas cartas circulavam confiadas aos capitães dos bergantins e fragatas inglesas e portuguesas.
Na Bahia os ditos “jornalistas” foram protagonistas, a maioria engajados na Guerra, ou seja, ativistas políticos. Imparcialidade zero e narrativas distorcendo, ou acomodando os fatos. José Joaquim da Silva Maia, o proprietário e redator do Semanário Cívico, o mais importante e mais bem redigido, no estilo e na argumentação, jornal situacionista, foi Procurador do Senado da Câmara. Tinha o poder de autorizar obras públicas, promoveu reformas na Barroquinha e no Maciel. E foi a voz divergente na sessão da Casa que deliberou não se envolver nas tratativas de rendição do General Madeira. As matérias do Semanário alimentaram o debate em toda a mídia brasileira, de Norte a Sul, e no exterior, repercutidas por simpatizantes e em especial pelos adversários. Diferente do impacto, bem menor, do Idade D’Ouro do Brasil, Sentinella Bahiense, O Constitucional e, num segundo momento, de A Abelha.
O Diário Constitucional que se tornou O Constitucional e, após o empastelamento de uma de suas edições e a surra no administrador Francisco José Corte Real, renasceu como O Independente Constitucional, teve vários redatores com protagonismo político, atuante: Montezuma, Miguel Calmon Du Pin e Almeida e Antônio Pereira Rebouças. O primeiro, quando redator de O Diário Constitucional, na função de vereador do Senado da Câmara redigiu o parecer contrário à pretensão do General Madeira de tomar posse como Governador de Armas e mais tarde, em setembro de 1822, foi nomeado Secretário da Junta de Governo Provisória de Cachoeira. A Junta organizou batalhões, arrecadou recursos, adquiriu e distribuiu armas, cuidou da logística da guerra.
Pereira Rebouças e Miguel Calmon Du Pin e Almeida, redatores e colaboradores, o primeiro do Diário Constitucional e do Independente Constitucional, o segundo apenas do jornal editado em Cachoeira, ambos integraram, igual a Montezuma, a Junta Provisória de Governo e foi Montezuma quem viajou ao Rio de Janeiro para requerer de José Bonifácio uma tipografia para imprimir o jornal de oposição.
Outros “jornalistas” atuantes foram: O padre Ignacio José de Macedo, redator do Idade D’ Ouro; Francisco Chagas de Jesus, desafeto de Rebouças, redator de O Espreitador Constitucional; Manoel José da Cruz, o queridinho dos portugueses radicais, redator de O Analysador Constitucional; Antônio Thomas de Negreiros, banqueiro que Silva Maia desconfiava era um infiltrado _ e foi preso por ordem do General Madeira _ redator de O Baluarte Constitucional e Antônio Luiz Soares, redator de A Voz da Verdade.