O número de novos casos de covid-19 no Brasil caiu 92% desde fevereiro, comprovando que a doença está, de fato, em recuo. Mas a pandemia não acabou, como muitos parecem acreditar, e novas ondas ainda podem ocorrer, alertou a Fiocruz em seu último boletim.
Estudo do Instituto Todos pela Saúde com base em amostras de laboratórios identificou aumento nos testes positivos de 6,2% para 11,7%, em um período de 15 dias. Anteontem, a média diária de mortes subiu para 124, a maior em duas semanas. No Estado de São Paulo, outro sinal amarelo: a média diária de novas internações pela covid foi de 155 na semana encerrada no dia 23, ante 146 na semana anterior. Regiões da Europa e dos EUA também têm visto crescerem os casos. Já a China impôs restrições e lockdown, com insatisfação dos cidadãos.
Para a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o País vive momento diferente. “Temos porcentual baixo de pessoas com a dose de reforço, não temos campanha de comunicação eficaz, e muita gente que tomou o esquema primário (de vacinação) há mais de um ano. Por outro lado, como já há praticamente 80% da população vacinada com o esquema primário, a chance de ter casos mais graves e mortes é muito menor.”
Margareth Portela, pesquisadora do Observatório Covid da Fiocruz, tem visão semelhante. “(A alta) é uma possibilidade, especialmente considerando o nível de flexibilização de medidas de proteção”, afirma ela, lembrando que o vírus segue circulando pelo mundo. “De qualquer modo, não vejo como muito provável a onda mais grave.” O último boletim da Fiocruz mostra que, de 10 a 23 de abril, houve redução de 36% nas taxas da intensidade de transmissão no País ante as duas semanas anteriores.
REFORÇO. “Como a vida voltou ao normal, são possíveis pequenos repiques de casos ou mesmo quedas, a depender da circulação do vírus”, diz Alexandre Naime Barbosa, infectologista da Unesp. Ele crê que, enquanto boa parte da população mais vulnerável estiver protegida, não deve haver alta significativa de casos graves. “Na população em geral, ainda faltam dados para dizer se precisaremos da 4.ª dose.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.