A Igreja Metodista Wesleyana, localizada em Ricardo Albuquerque, no Rio de Janeiro, gerou polêmica nas redes sociais ao publicar uma mensagem do pastor Rodrigo Stalone, afirmando que a ansiedade não é uma doença, mas um “transtorno de comportamento” que precisa ser transformado pela Palavra de Deus. A postagem, que inclui referências bíblicas de Filipenses 4:4-8 e Hebreus 4:12, sugere que viver ansioso é uma violação do mandamento de Jesus, classificando a ansiedade como pecado.
Na mensagem publicada nas redes sociais da igreja, o pastor escreveu: “Ansiedade não é doença, é um transtorno de comportamento. O comportamento precisa de transformação pela Palavra de Deus”. O post também afirma que “viver ansioso é desobedecer ao mandamento de Jesus” e conclui que a ansiedade indica uma falta de confiança em Deus. A publicação ainda cita o autor cristão Tim Keller, sugerindo que o medo do futuro está relacionado à falta de convicção no plano divino.
A mensagem provocou diversas reações entre os membros e parentes de frequentadores da igreja. Enquanto alguns apoiaram o conteúdo, muitos criticaram a visão do pastor, argumentando que ela desconsidera o aspecto médico e psicológico da ansiedade.
Refutação científica
Embora a fé desempenhe um papel importante na vida de muitas pessoas, a afirmação de que a ansiedade é apenas um “transtorno de comportamento” ignora a vasta evidência científica que a classifica como uma condição médica real. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos de ansiedade são os distúrbios mentais mais comuns em todo o mundo, afetando cerca de 264 milhões de pessoas. A ansiedade é reconhecida como uma condição de saúde mental que envolve fatores biológicos, psicológicos e ambientais.
Estudos demonstram que a ansiedade pode estar associada a desequilíbrios químicos no cérebro, especialmente nos níveis de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina. Além disso, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o transtorno de pânico e outros tipos de ansiedade são frequentemente tratados com sucesso por meio de intervenções terapêuticas, como psicoterapia e medicamentos, que visam restaurar o equilíbrio químico e promover o bem-estar mental.
Portanto, embora práticas religiosas, como a oração e a meditação, possam ser úteis para gerenciar o estresse e aumentar o bem-estar espiritual, sugerir que a ansiedade é meramente um comportamento pecaminoso não reflete a complexidade dessa condição clínica.
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