São Paulo — A operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), decretada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e iniciada nesta semana para combater o tráfico de drogas e de armas nos portos e aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro, não mina a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC), que pode migrar seus negócios ilícitos para outros pontos de despacho no país longe dos olhos das Forças Armadas.
O alerta é feito pela desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que há mais de três décadas acompanha processos judiciais referentes à facção paulista. Ela afirma que o reforço no policiamento ostensivo no Porto de Santos pode frear as ações do tráfico internacional no local durante os seis meses previstos para a GLO, mas não impede que o PCC transfira sua atuação para o porto de Recife, por exemplo, já usado pelo grupo para enviar drogas para o outro lado o Atlântico.
“Estamos em um país continental. Claramente, quando se impõe uma GLO em dois ou três portos e aeroportos, ela vai gerar uma saturação naqueles locais. Com a presença dos militares, obviamente, o crime organizado ou vai recuar com a GLO presente, ou procurar outros portos e aeroportos para a saída da droga do país”.
A ação dos militares da Marinha e da Força Aérea Brasileira (FAB) ocorre de forma ostensiva, ou seja, pretende prender suspeitos em flagrante e apreender eventuais cargas ilegais — principalmente drogas e armas —, reforçando o trabalho já realizado nos portos e aeroportos pelas forças de segurança federais, estaduais e municipais.
Somente os fuzileiros navais, até o momento, começaram a atuar no litoral de São Paulo, com 350 homens no Porto de Santos. Já a infantaria da FAB ainda será encaminhada ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana. Como mostrou o Metrópoles, serão 120 militares.
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Viatura blindada especial sobre rodas 8×8 “Piranha IIIC”, será um dos veículos empregados pela Marinha Divulgação/Marinha
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Além dos fuzileiros, Marinha também enviou veículos para os portos de SP e RJ Divulgação/Marinha
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Militares poderão atuar com poder de polícia no porto d Santos Divulgação/Marinha
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Carro lagarta anfíbio Clanf será usado pela Marinha em GLO Divulgação Marinha
“Os militares das Forças Armadas vão ajudar a prender a ponta do iceberg. Essa ação não atinge o coração e o cérebro das facções criminosas “, afirma a magistrada, destacando que somente um “trabalho de inteligência” pode, efetivamente, reprimir os negócios ilícitos das facções.
Santos é o principal escoadouro usado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para enviar cocaína para a Europa por via marítima. O local é dominado pela facção paulista e, como mostrado pelo Metrópoles, rende ao menos R$ 10 bilhões por ano à organização criminosa.
Antes da GLO, a Marinha já atuava nos portos, porém limitava sua ação às inspeções navais, de caráter administrativo. Desde segunda-feira, por meio do decreto assinado por Lula, os militares passaram atuar com poder de polícia, podendo revistar bagagens e contêineres.