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Pesquisa da UFPA multiplica fruto mais rico do Brasil e desenvolve técnica para restaurar região da Amazônia

Um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), está multiplicando mudas do fruto mais rico do Brasil para ajudar a restaurar áreas da região amazônica. Conhecida como camu-camu, a fruta é originária da própria zona da Amazônia, tem casca roxa, opaca e grossa. Classificado como o “Rei da Vitamina C” mundo afora, ele tem alto valor nutritivo, embora ainda seja pouco conhecido pelos brasileiros. Para desenvolver a iniciativa, os pesquisadores estudaram técnicas para melhorar a forma de coletar sementes, produzir mudas e realizar os plantios de diversas espécies, incluindo o camu-camu – o camucamuzeiro inicia a floração entre 2,5 a 3 anos após o plantio. Assim, cerca de 45 mil mudas, de aproximadamente 35 espécies, foram manejadas durante a execução do estudo e replantadas, restaurando até o momento 80 hectares – o equivalente a 112 campos de futebol. Uma parte das mudas foi doada para a UFPA, para as comunidades locais envolvidas no projeto e para Secretaria de Meio Ambiente de Vitória do Xingu para ações de plantio na região.

“Essa pesquisa foi uma troca de conhecimento muito importante, principalmente para mim que venho de outra região, e para mostrar aos moradores que podem explorar melhor, de forma sustentável, tudo que têm aqui de biodiversidade”, disse o pesquisador Arthur Pace Stehling. Além de Arthur, outros 15 profissionais fazem parte da iniciativa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Companhia. O projeto teve como objetivo a restauração ecológica, tornando possível a produção sustentável, alternativas para o enriquecimento nutricional da fauna e também o cultivo comercial voltado à população local. O trabalho aliou o conhecimento dos ribeirinhos em sua execução e aconteceu em 12 regiões ao longo da Volta Grande do Xingu, no Pará. “Com o envolvimento de pessoas das comunidades, foi possível mapear árvores adultas utilizadas como matrizes, desenvolver uma rede de coletores de sementes, e produzir mudas que foram utilizadas para estudar diferentes métodos de restauração. Além disso, a interação dos pesquisadores com as comunidades garantiu cenário de diálogos sobe a importância de áreas de floresta para a alimentação dos animais, bem como a possibilidade de atividade econômica sustentável”, avaliou Roberto Silva, Gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia.

Durante o projeto, em 30 meses, aproximadamente uma tonelada de sementes, de diversas espécies, foram coletadas pelos moradores da região. “Em qualquer parte do mundo a pesquisa é um norteador de conhecimento, mas também de tecnologia. Quando unimos projetos de ciência e tecnologia e podemos contribuir para a capacitação de moradores da comunidade local, além resultados técnicos, também conseguimos gerar o que a comunidade precisa a curto prazo. O projeto permitiu formar capital humano e atender as necessidades das comunidades”, concluiu o professor Emil José Hernandez, doutor e coordenador do curso de Biologia da UFPA. Morador da comunidade Kaituká, Marloson Lima da Silva atuou como auxiliar técnico ao longo do estudo, recebendo apoio financeiro e capacitação para trabalhar na coleta das sementes e no replantio. “Meu entendimento era o de um ribeirinho. Hoje, eu consigo enxergar de forma diferente com o aprendizado que recebi. Estamos entrando em um ciclo de preservação, porque o mundo está pedindo e a gente tem que se habituar a isso para deixarmos um legado para nossos filhos e netos”, resumiu.

Sobre o camu-camu

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta que o camu-camu possui 20 vezes mais vitamina C do que a acerola. Com teor de vitamina C de 2,7g em 100g de polpa, em média, o que equivale a quase 40 vezes ao da polpa de laranja ou 60 vezes ao suco de limão, podendo chegar a 3,0g por 100g de polpa integral, apesar de seus inúmeros benefícios à saúde e de ser um fruto com grande potencial econômico, ainda não é amplamente consumido no Brasil. O camu-camu tem despertado o interesse de diversos setores industriais como fármaco, cosmético, conservante natural e alimentício. Da casca extrai-se corante natural. Além disso, o tipo de vitamina C encontrado no camu-camu não é destruído pelo calor. A produção de polpa se destina à exportação para países como a França e Japão, onde é utilizada na elaboração de bebidas alimentícias, preparo de sorvetes, geleia, doces, licores, novo sabor para refrigerantes, bem como na confecção de cápsulas e pastilhas de vitamina C.

O que é o P&D

Desenvolvido pela Norte Energia, empresa concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento PD-07427-0221/2021 foi intitulado de “Metodologias inovadoras de Restauração Ecológica com ênfase no enriquecimento nutricional para a fauna do Trecho de Vazão Reduzida da UHE Belo Monte: integrando modelos bioeconômicos à conservação dos ecossistemas amazônicos”. Executado pela BIOCEV Serviços de Meio Ambiente e Fundação do Instituto de Biociências (FUNDIBIO), em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), o projeto obteve excelentes resultados.

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