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Por dentro do Mater Dei, novo hospital com ‘cara de hotel’ e tecnologia de ponta

Salão oval da ala pediátrica do Hospital Mater Dei

É pecado, mas dá vontade de pegar uma virose só para entrar no Mater Dei novamente. O novo hospital de Salvador parece com tudo, menos com um centro hospitalar convencional, daqueles que cheiram a éter. O CORREIO pode falar com propriedade, pois foi o primeiro a conhecer as instalações antes da inauguração, marcada para este domingo (1º), às 9h, somente para convidados.  O atendimento ao público será no dia seguinte (2), mas adiantamos o que tem de mais moderno na unidade, localizada no cruzamento entre as avenidas Garibaldi e Vasco da Gama.

Quem passa pelo prédio espelhado de 100 metros de altura não imagina todo o aparato dentro dali. Apesar de algumas alas estarem fechadas para os últimos retoques ou já esterilizadas para pacientes, a equipe de reportagem teve acesso aos leitos, centros pediátrico e adulto, centro cirúrgico, UTIs neonatais, robôs que auxiliam nas cirurgias, leitos com vista para o mar, entre outros ambientes que, segundo a organização, foram pensados para humanizar o atendimento e tratamento do paciente da rede particular de saúde, nova na cidade. A matriz fica em Belo Horizonte.

Para entrar no Mater Dei, depende da condição ou finalidade. Existem duas entradas principais: uma recepção para internamento ou consultas marcadas, além de visitas e acompanhantes. Em outra entrada, pronto-socorro adulto e pediátrico, além de ambulatório. Neste setor, o paciente fará um atendimento preliminar, uma espécie de entrevista, onde será definida a gravidade da situação. Verde, sem urgência. Vermelho, requer atendimento imediato. Até aí, sem novidade. Outros hospitais fazem este tipo de filtro.

A recepção do hospital (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Contudo, há mais duas entradas. Uma é para pacientes com câncer, que terão acesso exclusivo e atendimento imediato. Outra será só para paciente que precisa de isolamento imediato. Ele entrará direto numa ala isolada do restante do hospital.

Ainda estamos no térreo. Além do pronto-atendimento adulto, este andar abriga a parte pediátrica, um local pensado para que a criança esqueça que está num ambiente hospitalar. Ela também é separada do atendimento adulto, apesar da entrada ser a mesma.

O espaço lembra uma floresta, em formato de salão oval, onde uma grande árvore artificial fica no centro do ambiente de espera, com um teto solar por onde se pode ver o céu de Salvador. O prédio é cilíndrico com uma abertura interna que lembra um tubo. Esta árvore fica justamente no térreo, com uma vista única. As salas clínicas e de atendimento neste local também são exclusivas para atendimento pediátrico, além da enfermaria para observação, com 12 camas.

Equipamento de hemodinâmica (Foto: Marina Silva/CORREIO)

No primeiro andar, uma área exclusiva para oncologia, batizada de Hospital Integrado do Câncer. Não foi possível ter acesso ao local, pois já estava esterilizado para a entrada dos novos pacientes, a partir da próxima segunda-feira.

A ideia do local é que a pessoa tenha todo o suporte em um só lugar, com diagnóstico, exames e tratamento. É uma estrutura multidisciplinar que vai abrigar diversos especialistas, de oncologistas a nutricionistas. O andar também abriga a área de endoscopia. Os tratamentos de radioterapia serão realizados no subsolo do prédio.

O segundo andar é dedicado à Medicina Diagnóstica para análise de exames laboratoriais e de imagem, além do restaurante. Do terceiro ao sexto andares são os estacionamentos, com capacidade para 740 vagas. Do sétimo ao 11º, o hospital permanece fechado. Eles contam com leitos, centro de apoio e estacionamento.

A abertura dos andares será escalonada, a depender da demanda. Por exemplo: se os leitos abertos lotarem, abre-se mais um andar com novos quartos para internamento. São, no total, 370 leitos, mais 40 CTIs (Centro de Terapia Intensivo) adultos e 40 UTIs pediátricas e neonatais. Todos os leitos ficam no lado cilíndrico com vista para o mar. Os demais setores, que não necessitam de uma paisagem para os pacientes, como centro cirúrgico, têm vista para o outro lado da cidade.

Hospital tem aparelhos de última geração (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Pulamos para o 12º andar, primeiro aberto para CTIs, UTIs pediátricas e neonatais, a partir de segunda-feira. Como os pacientes precisam de repouso absoluto e monitoramento constante, os quartos, todos fechados como cabines, não têm vista para o mar, mas possuem janelas, ao contrário de outras UTIs fechadas convencionais. A intenção é que o paciente mantenha contato com a luz natural e tenha noção do tempo.

“É um ponto muito importante este acolhimento e humanização em todas as fases do paciente. Foi o que buscamos quando fizemos o hospital, foi uma bússola que norteou desde o planejamento inicial do hospital. Queremos que o paciente se sinta acolhido de uma maneira diferenciada. A ideia é justamente evitar aquele cenário de hospital que o paciente se sinta mal”, explica o presidente da Rede Mater Dei, Henrique Salvador.

A ala de neonatologia também tem iluminação mais baixa para os recém-nascidos. Outra novidade: além dos partos cesáreas e normais, o hospital terá um local exclusivo para parto humanizado. Inclusive o primeiro bebê do Mater Dei nascerá na manhã da próxima segunda-feira. A primeira mamãe do empreendimento foi mais rápida que o CORREIO e conheceu seu quarto antes de nós, mas apenas o 12º andar. Médicos que foram conveniados no Mater Dei já marcaram diversos procedimentos de seus pacientes no local, incluindo partos.

Leitos têm vista para o mar (Foto: Marina Silva/CORREIO)

CIRURGIA ROBÓTICA
O 13º andar talvez seja o mais importante na área tecnológica, além de ser a mais cara também. Chegamos ao Centro Cirúrgico: é o local onde ficam todos os instrumentos cirúrgicos de última geração para os exames e cirurgias.

Ao entrarmos, demos de cara com o Robô Da Vinci Xi. Com seus quatro braços que lembram uma aranha, esse robô cirurgião se torna a extensão do médico, que fica sentado controlando todo o procedimento cirúrgico por meio de uma câmera e de forma remota, sem precisar tocar no paciente. O robô custa, em média, R$ 12 milhões.

A cirurgia robótica proporciona um tratamento minimamente invasivo e com menos riscos de infecções. Os braços deste robô também conseguem chegar em locais do corpo que as mãos humanas não alcançam facilmente. Seus quatro braços abrigam, além da câmera, materiais cirúrgicos para procedimentos de cirurgia geral, torácica, de ginecologia, urologia e coloproctologia.

Tudo é integrado. Dentro de uma cabine que lembra um fliperama, o médico também consegue mudar o posicionamento do paciente durante a cirurgia sem que haja interrupção do procedimento – o robô entende a mudança e mantém o curso da cirurgia normalmente. Para manusear o equipamento, o cirurgião precisa de um certificado específico. O curso para utilizar o Da Vinci Xi leva, em média, quatro meses e custa cerca de R$ 12 mil.

Quando chegamos ao andar, muitos equipamentos já estavam isolados ou esterilizados, sem a possibilidade de visita porque algumas cirurgias estão marcadas para a primeira semana de funcionamento. Pudemos também conhecer o equipamento de hemodinâmica, mais baratinho que o robô: custa, em média, R$ 2 milhões. O aparelho faz exames cardíacos, cerebrais e arteriais, como cateterismo cardíaco, angioplastia, entre outros.

Diferente dos aparelhos comuns, ele oferece menos risco ao paciente, que tem menos exposição à radiação. O aparelho também possibilita reconstrução tridimensional do exame. Vimos um teste com um coração pulsando, filmado e transmitido na tela do aparelho. Dava para ver até as artérias coronárias. Neste mesmo andar ainda funciona o Centro de Reprodução Humana, indicado para pessoas que não conseguem engravidar, casais de relação homoafetiva, em casos de postergação de fertilidade, entre outros.

UTI neonatal (Foto: Marina Silva/CORREIO)

Passamos longe do 14º andar, estritamente fechado para o público. O local abriga a Central de Materiais Esterilizados (CME), com entrada restrita. É lá que todos os equipamentos médicos considerados sujos ou contaminados são limpos. “Na verdade é uma indústria dentro do hospital. Uma indústria de equipamentos para evitar infecção, sem contar a cozinha automatizada, enfermagem e engenharia de manutenção”, disse Henrique Salvador.

Os dois últimos andares, o 15º e o 16º, são destinados ao internamento. Todos os quartos possuem janelas que dão de frente para o mar do Rio Vermelho. Diferente do reflexo externo, a luz do sol não reflete nos quartos, graças a uma tecnologia conhecida como controle eficiente da intensidade de luz, que também evita aquecimento do lugar em dias de muito calor e sol a pino.

É, sem dúvida, o local que mais se parece com um hotel. O 15º andar ainda conta com um jardim com 1.200 metros quadrados de espaço verde e uma capela. É um ambiente para que os internados possam sair um pouco do quarto para um passeio.

De fato, é um empreendimento inovador no quesito arquitetura hospitalar em Salvador. O local ainda conta com um Centro Médico, localizado a 90 metros do hospital. Por se tratar de um empreendimento privado, não há atendimento pelo SUS, apenas por meio de convênios e avulsos.

Se ficou com vontade de conhecer, mas pretende manter a saúde no lugar, tem um jeitinho. Assim como num hotel, o Mater Dei tem uma espécie de “day use”. Durante seis horas, o paciente fica no complexo fazendo os exames periódicos, conversando com os médicos, que darão um tratamento individualizado. Depois só voltará lá para pegar os resultados e conversar com o médico. De preferência, se o plano de saúde permitir.

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