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Programa capacita jovens de baixa renda para mercado de trabalho; veja como participar

Em um dos muitos ciclos da vida, principalmente quando se fala em estudos, a pessoa nasce, entra na escolinha, passa pelo ensino fundamental e médio, até ingressar em uma universidade. Depois disso, existem vários caminhos a se seguir. Um dos mais procurados, em especial pelos estudantes de baixa renda, é aquele que gera dinheiro: um emprego, ou, para os que ainda estão no ensino superior, um estágio. Para isso, no entanto, os jovens precisam dominar uma série de técnicas e comportamentos que somente o curso da faculdade não proporciona. É aí que entra o Programa de Aceleração de Carreira, desenvolvido por uma startup baiana. 

O programa faz parte do projeto Explorer, da startup “O Que Aprendi na Engenharia”, que tem ajudado jovens a se inserirem no mercado de trabalho. Com uma assinatura mensal ou anual, eles têm acesso a cases de mentores experientes, networking com profissionais de multinacionais e desenvolvimento de habilidades técnicas e interpessoais. Mas, pensando em jovens que não possuem dinheiro suficiente para ter acesso ao conteúdo, há um ano a empresa inaugurou o “Adote um Explorer”, voltado para que pessoas de baixa renda participem de forma gratuita. 

A fundadora do projeto, Ana Luísa Almeida, é engenheira de manufatura em uma multinacional do complexo industrial de Camaçari, já foi reconhecida pelo Prêmio Valuable Young Leader 2020 e, após liderar times com mais de 80 colaboradores, aprendeu lições valiosas de carreira que segue compartilhando com os jovens através da mentoria. Além dos cálculos, a baiana nascida em Feira de Santana também gostava de desenhar, escrever e de participar de eventos de outros cursos quando estava na graduação. 

“Quando eu falava dos meus hobbies, as pessoas diziam que estava no curso errado e, com essa dinâmica unilateral da faculdade, comecei a ter dificuldade na graduação, as notas não refletiam os meus estudos”, relata a jovem, que, entendendo a problemática, criou o blog “O Que Aprendi na Engenharia” e, antes disso se tornar um negócio, ela já mostrava o quanto outras habilidades eram importantes. 

O programa Explorer surgiu logo em seguida e é dividido em três trilhas: trilha de carreira, com mentorias de profissionais de diferentes áreas e cargos; trilha de soft skills, que são treinamentos de habilidades comportamentais, conduzidos por Ana; e trilha de hard skills, que são cursos voltados para a competência técnica. 

Já o Adote um Explorer nasceu da inconformidade da sócia de Ana, Andressa Tairine, que queria que o projeto também atingisse os jovens com menor condição financeira. Por isso, a iniciativa conta com a ajuda da sociedade. “O adote hoje custa R$ 597 à vista ou 12 vezes de R$ 58,16. Quem deseja ser um agente de transformação na vida desses jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica, consegue ajudar adotando, patrocinando financeiramente o programa para essa pessoa”, afirma. 

Para adotar um jovem é simples, basta ir no site “O Que Aprendi na Engenharia” e clicar em “Adote um Explorer”. Lá, o patrocinador, chamado de padrinho, pode escolher arcar com 25%, 50% ou 100% do investimento total do programa com a cota semente, semente plus e semente gold, respectivamente. Para aqueles que desejam ajudar com outra quantia, é só buscar por semente do coração. 

As inscrições para um jovem ser apadrinhado e se tornar um explorer estão abertas para a turma que começa em abril. “O jovem se inscreve através de um formulário do nosso site e, se eles estiverem dentro da faixa salarial que a gente determinou como limite, a gente envia um novo formulário solicitando as documentações para comprovar a situação de vulnerabilidade”, pontua Andressa. 

“Vejo o Adote como uma maneira de fazer com que jovens de baixa renda se preparem e se insiram no mercado de trabalho, para que eles mudem a realidade deles e de suas respectivas famílias”, destaca Andressa. “Eu sou uma mulher preta, mas sou privilegiada, sempre tive excelentes oportunidades educacionais, inclusive o inglês, e em muito ambientes que vou, profissional ou não, eu sou uma das poucas, quiçá a única, mulher preta. O Adote é uma sementinha para um propósito: eu posso até ser a primeira, mas não vou continuar sendo a única”, afirma Ana. 

Beneficiada pelo programa, Camila Sales, de 23 anos, que atualmente mora em Macapá, no Amapá, e estuda Engenharia de Produção, conta que teve muita dificuldade em entrar no mercado de trabalho, pois não possuía os pré-requisitos estabelecidos pelas empresas. Depois de passar pelo Explorer, ela afirma que os resultados não demoraram a aparecer. “Logo no início de meus estudos no programa consegui passar em dois processos seletivos de estágio. Atualmente, estou há cinco meses estagiando em uma empresa de consultoria”, diz. 

“Eu não tinha condições de financiar algo desse porte, mas alguém acreditou no programa e me deu a oportunidade de mudar de vida. Por isso, sou muito grata ao programa e à minha madrinha. Hoje, consigo ver como a minha jornada de maturidade se transformou e levo o Adote comigo para incentivar outras pessoas que estão na mesma situação em que eu estava”, finaliza a estudante. 

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela 

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