Nas maternidades do Acre, uma lei estadual criou o projeto Hora do Colinho. Ele prevê o acolhimento “humanitário e afetivo de bebês recém-nascidos órfãos” ou aqueles que não podem ter a presença materna, por algum motivo, durante a hospitalização.
O acolhimento será oferecido pela equipe multiprofissional da unidade hospitalar por meio da técnica chamada POP (Protocolo Operacional Padrão). A meta é que a Hora do Colinho proporcione um “momento de relaxamento ao recém-nascido, diminua a ausência materno-paterna ou familiar, o estresse e sensações” de dores e garanta um cuidado mais humanizado, com melhor recuperação, acolhimento e afeto oferecido pelo colo do profissional.
O médico da Sociedade Brasileira de Pediatria, Régis Assad, conta que a iniciativa foi testada durante a pandemia, com muitos bebês em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), cujas mães estavam internadas ou morreram por algum motivo. Como os recém-nascidos estavam muito agitados, uma enfermeira experimentou dar colo e afeto, o que trouxe bons resultados nas maternidades que adotaram a Hora do Colinho.
Saúde emocional
O especialista ainda destacou que o ambiente hospitalar tende a ser frio, com profissionais focados na saúde física. O que pode deixar a desejar na saúde emocional dos pacientes, sobretudo, os que acabaram de nascer.
A lei, no Acre, ainda determina que a técnica de acolhimento, o POP, deve ser repassada aos profissionais que lidam com recém-nascidos por meio de cursos e treinamentos ofertados pelas maternidades do estado.
Um estudo da Universidade de British Columbia, no Canadá, mostrou que os bebês que não tiveram colo apresentaram um perfil molecular subdesenvolvido para a idade, quando crianças. Em outras palavras, a falta de colo e do toque pode trazer consequências no perfil genético daquele bebê, principalmente no metabolismo e na imunidade ao longo de toda a vida.
Apesar de ser lei no estado do Acre, a Hora do Colinho pode vir a ser implementada em todo o país. É que tramita no Congresso Nacional um projeto de lei, da deputada federal Edna Henrique, do PSDB, que propõe a expansão do protocolo em âmbito nacional.