InícioEditorialPolítica NacionalPromessa de Jerônimo, piso salarial para professores indígenas hiberna na Assembleia

Promessa de Jerônimo, piso salarial para professores indígenas hiberna na Assembleia

Bandeira pessoal do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o projeto de lei que inclui o salário dos professores indígenas no piso nacional da categoria entrou na geladeira sem data para sair. Apresentada em regime de urgência no dia 2 de março, a proposta de autoria do Poder Executivo desfaz um desleixo do hoje ministro da Casa Civil, Rui Costa, no último ano dele à frente do governo. O petista, sem apresentar justificativa, ignorou a classe na lista dos educadores da rede estadual de ensino beneficiados com o novo piso por lei sancionada por Rui em 2022. Corrigir a exclusão fez parte das promessas de campanha de Jerônimo, por causa da ascendência indígena e do passado como professor.

Tanque vazio 
Há quase dois meses, contudo, o projeto tramita em banho-maria na Assembleia Legislativa. Apesar do consenso entre líderes da base e da oposição sobre a importância de aprovar a proposta, o Palácio de Ondina ainda não empregou esforços para submetê-la ao plenário da Casa e praticamente retirou a matéria da agenda de prioridades.

Indigestão coletiva
Causou mal-estar até em parlamentares aliados ao PT a forma pejorativa com a qual Jerônimo Rodrigues se referiu ontem aos opositores, em especial, o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil). Ao comentar as críticas feitas por Neto à escalada da violência no estado e à ausência de resultados após mais de cem dias de gestão, durante entrevista à rádio Metrópole, o governador ultrapassou a linha e chamou o rival de “ave de agouro, urubu visitando o cavalo e esperando ele cair”. Além do repúdio de políticos adversários, as declarações foram condenadas nos corredores da Assembleia e da Câmara por deputados governistas. Para eles, Jerônimo precisa entender o papel da oposição no jogo democrático e lidar com críticas sem recorrer a ofensas.

Chegadas e ausências
Entre cardeais da base, a reação do governador foi atribuída a dois grandes fatores. Um tem origem nos 16 anos em que seus antecessores transitaram sem um oponente direto com visibilidade e espaço na mídia. Ou seja, Jerônimo ficou acostumado a águas menos agitadas, mas a maré mudou com Neto. O outro é a escassez de lideranças dispostas a assumir a linha de defesa do petista no momento.

Perdas e danos
No afã de agradar a cúpula do governo petista, o deputado estadual Eduardo Salles (PP) saiu como maior perdedor do ato de centenas de fazendeiros baianos contra invasões de terras, realizado na terça-feira (25) na Assembleia. Historicamente apoiado por produtores rurais e ex-secretário de Agricultura, Salles foi vaiado de forma unânime ao propor uma mesa de negociação para mediar o duelo com o MST.

Queima de filme
No dia seguinte ao ato, o parlamentar do PP já era tratado como “Judas do agro” nos grupos de WhatsApp formados por fazendeiros. A postura de Eduardo Salles, recebida como forma de prolongar as invasões do MST, foi sucedida por promessas de troco na eleição de 2026.

É lamentável ver o governador da Bahia adotando uma postura tão hostil e desrespeitosa com aqueles que estão exercendo seu papel de fiscalização e cobrança  Paulo Azi 

Deputado federal da União Brasil

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