Os ataques nas escolas de São Paulo e Santa Catarina, em um intervalo de pouco mais de uma semana, deixaram eternas cicatrizes nos familiares, amigos das vítimas e também em todas as pessoas que frequentavam estas unidades escolares. Em entrevista à Jovem Pan News, a psicóloga Marília Scabora declarou que o retorno para estes espaços traumáticos deve ser acompanhado de perto: “Esse é um trabalho coletivo que não pode ficar nas costas só dos professores envolvidos e da diretoria, mas da sociedade como um todo. É importante que estas pessoas que passaram por essa tragédia, ou qualquer outra tragédia, tenham auxílio dessa comunidade mais próxima. Da família imediata, mas também da sociedade de uma maneira geral. Quanto a essas crianças, é essencial que elas passem por um processo terapêutico, que elas sejam acompanhadas inclusive à longo prazo, entendendo quais são os impactos imediatos, mas quais também serão estes impactos daqui para frente. O que essas crianças viveram, apesar delas serem muito novas e muitas vezes a gente tem a percepção de que a criança não vai lembrar daquilo que aconteceu, isso não quer dizer que não vai deixar uma marca no emocional dela e que não vai moldá-la de alguma maneira”.
Em ambos os casos recentes, as imagens dos responsáveis pelos ataques não foram divulgadas por grande parte da imprensa. A medida segue uma das orientações de especialistas no assunto e da própria polícia, que considera que a divulgação poderia aumentar o número de crimes deste tipo. A psicologia tem a mesma opinião de que quanto mais visibilidade, maior é o incentivo a potenciais crimes. “Essas pessoas têm poucos contatos pessoais e se encontram muito mais na internet. É através desses meios sociais aonde eles se fortalecem. Inclusive na chamada ‘deepweb’, sites que glorificam a violência, onde eles pregam muitos desses comportamentos, existe uma espécie de competição de quem consegue mais a atenção da mídia. Muitas vezes a maneira como a mídia fala sobre isso incita ainda mais esses jovens, que se sentem inclusive glorificados, conseguem a atenção que eles acabam buscando”, aponta Scabora.
Para amenizar os efeitos causados pelos traumas, a especialista também destaca a importância do acompanhamento psicológico dentro e fora do ambiente escolar: “É muito importante que os pais busquem primeiramente terapia individual para trabalhar as suas questões e avaliar as suas parentalidades para que eles possam entregar a esses filhos uma parentalidade saudável primeiramente. E claro, em todo o âmbito social esse não é um dever só dos pais, mas de toda a nossa sociedade de uma maneira geral. Está na hora da gente inserir dentro da nossa escola a educação emocional, capacitar os nossos professores, ter psicólogos mais presentes dentro da nossa escola, não só para as nossas crianças e adolescentes, mas também para auxiliar esses mais nesses processos”. Todas as vítimas, familiares e funcionários envolvidos nos ataques vão receber assistência psicológica disponibilizada pelo Poder Público. O Congresso Nacional também avalia projetos para prevenir e evitar novos casos em território nacional, desde o reforço à segurança das escolas, até investigações mais profundas sobre potenciais casos.
*Com informações da repórter Letícia Miyamoto